“Criação ilegal de bovinos alimenta desmatamento”, diz ONG
A organização não governamental se baseou em imagens de satélites e dados oficiais para constatar a atividade pecuária em áreas protegidas
atualizado
Compartilhar notícia
Às vésperas do início da 25ª Conferência Internacional sobre Mudança Climática (COP-25), a Anistia Internacional divulgou nesta terça-feira (26/11/2019) uma pesquisa que aponta a atividade pecuária como a principal causa das apropriações ilegais de terras que violam os direitos humanos em reservas extrativistas e terras indígenas.
A organização não governamental se baseou em imagens de satélites e dados oficiais para constatar a atividade pecuária em áreas protegidas. Representantes da Anistia Internacional e líderes indígenas fazem uma ato em frente ao Palácio do Planalto nesta terça-feira. Eles querem entregar uma petição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cobrando ações nessa área.
Segundo a ONG, a criação ilegal de bovinos “alimenta o desmatamento e viola os direitos dos povos indígenas e tradicionais que vivem nesses locais”.
“Trata-se de uma ameaça muito real, não só aos direitos humanos dos povos indígenas e tradicionais que habitam a região, mas a todo ecossistema planetário”, afirmou Richard Pearshouse, diretor do departamento de Crises e Meio Ambiente da Anistia Internacional, em comunicado.
Richard acusa o governo de “afrouxar” as proteções ambientais. “Enquanto o governo Bolsonaro afrouxa as proteções ambientais em nível federal, algumas autoridades estaduais estão efetivamente facilitando a criação ilegal de bovinos que destrói áreas protegidas da floresta tropical“, finalizou.
Aproximadamente dois terços das áreas desmatadas da Amazônia entre 1988 e 2014 foram cercados, queimados e transformados em pastagens – quase 500.000 km2, uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Portugal, destaca a ONG. ,
O relatório da Anistia Internacional mostra que algumas autoridades estaduais estão efetivamente facilitando a pecuária bovina em áreas protegidas. A abertura de novas estradas e o aparecimento de acampamentos nas áreas protegidas de floresta são alguns dos sinais de que esse processo foi iniciado.
COP-25
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, adiantou que dirá na COP-25 que o país avançou na redução do desmatamento. Nos últimos meses, o país atravessou uma crise relacionada a queimadas e ao aumento do desmatamento da região amazônica. Contudo, o ministro minimizou os efeitos da devastação e dos focos de incêndio na floresta.
Salles foi categórico. “Não concordamos que o Brasil não está indo bem nas suas metas. Ao contrário, o Brasil está indo bem, já avançou muito na redução do desmatamento”, ponderou o ministro, após encontro com governadores da Amazônia Legal na semana passada.
O ministro disse que o governo não tem metas de redução do desmatamento. “Nossa expectativa é reduzir o desmatamento ilegal da Amazônia nos próximos anos. Mais importante que estabelecer metas, é estabelecer uma estratégia de combate”, avaliou o ministro.