COP27: Brasil ganha “menção desonrosa” no Fóssil do Ano
Prêmio principal foi dado aos EUA, que atrapalham negociações sobre a criação de fundo para perdas e danos. Brasil também recebeu críticas
atualizado
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Enviado especial a Sharm El-Sheikh* – O “prêmio” Fóssil do Ano, dado aos países que mais impediram o progresso nas negociações ou na implementação do Acordo de Paris, foi entregue nesta sexta-feira (18/11) aos Estados Unidos.
Brasil e Rússia, no entanto, ganharam uma menção honrosa (ou melhor, menção desonrosa) do prêmio.
A escolha dos “vencedores” é feita pelos membros da Climate Action Network (CAN), rede com mais de 1,9 mil ONGs em todo o mundo que atuam no combate às mudanças climáticas.
No ano passado, o prêmio principal ficou com o Brasil.
A menção honrosa foi dada neste ano devido às políticas “antiambientais” do atual governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático”, informa nota publicada no site da CAN, que também destaca as violações dos direitos humanos e ambientais, além do aumento do desmatamento e das emissões nos últimos quatro anos.
A articuladora do Engajamundo e das Surarás do Tapajós, Val Munduruku, recebeu o prêmio em nome do Brasil.
“Foi uma menção desonrosa, que poderia ter sido o Fossil do Ano. O Brasil merece por toda a destruição, retrocesso na pauta social e ambiental, pela ameaça à vida dos ambientalistas, pela invasão dos territórios indígenas e outros territórios tradicionais. Um momento de vergonha alheia”, disse.
Os Estados Unidos receberam o Fóssil do Ano por terem atrapalhado as negociações sobre a criação de um fundo para perdas e danos, considerado um dos principais assuntos da COP27.
“A COP27 não pode terminar sem um fundo para perdas e danos. Fomos claros ao deixar Glasgow e claros durante todo este ano cheio de desastres. Apesar disso, os Estados Unidos chegaram à COP27 dizendo que não podiam concordar com isso”, destaca a CAN.
A Rússia usou a COP para promover sua energia nuclear como solução climática.
*O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)