Brasil condiciona receber dinheiro do G7 a ter autonomia para usá-lo

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter condicionado o recebimento de 20 milhões de dólares do G7 a um pedido de desculpas do presidente francês Emmanuel Macron, o governo ainda avaliará a proposta e, caso identifique que há possibilidade de aplicação do recurso com autonomia para o combate aos incêndios na Amazônia, poderá aceitá-lo.

A informação foi divulgada pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, na noite desta terça-feira (27/08/2019).

“Se o G7 oferecer o dinheiro como organismo internacional e se o governo brasileiro entender que é viável recebê-lo, governo brasileiro acatará, receberá esse dinheiro, e o empregará segundo a sua governança”, afirmou Rêgo Barros.

O porta-voz reforçou que o Brasil não abrirá mão de sua soberania e que não serão admitidas interferências na gestão. Na cúpula do G7, Macron ventilou a possibilidade de pedir um “status internacional” para a Floresta Amazônica.

“Qualquer líder que não seja o líder do nosso país que venha eventualmente fazer comentários sobre a soberania do governo, como o nosso governo deve dialogar, como nosso governo deve definir suas ações, tem que entender que aqui existe governança, existe governo, existe uma sociedade que entende as suas necessidades, que possui anseios. Nós vamos receber recursos estrangeiros, como já adiantei, desde que analisado que a governança será nossa. Os comentários exteriores a esse processo não vêm para somar, eles vêm para dividir”, disse.

Referindo-se à ajuda ofertada por Israel e Estados Unidos, que já foi aceita pelo país, Rêgo Barros afirmou que o governo espera que a cooperação, nesse tipo de situação, esteja relacionada a pensamentos convergentes.

“O presidente entende que esses países tenham um alinhamento natural e aceitável pelo nosso país, incluindo os países da União Europeia. Nós vemos uma preocupação lá, como aqui, com a proteção do meio ambiente”, esclareceu.

Pedidos dos governadores
Bolsonaro recebeu os nove governadores dos estados que compõem a região da Amazônia Legal nesta manhã, no Palácio do Planalto. Um dos pedidos dos gestores estaduais foi uma resposta do Executivo federal sobre a possibilidade de extinção do Fundo Amazônia, que perdeu recursos da Alemanha e da Noruega.

Na ocasião do encontro, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), reconheceu que a interferência estrangeira na região poderia afetar a soberania do Brasil, mas ponderou que o país não está em condições de “rasgar dinheiro”. À noite, Rêgo Barros negou essa postura: “O governo não rasga dinheiro, não. Não rasga e não rasgará”, respondeu.

Na próxima quinta-feira (29/08/2019), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, vai apresentar ao presidente a consolidação de propostas viáveis por parte do governo federal para atender às reivindicações dos estados.