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Brasil chega na COP27 com altas expectativas para acordos climáticos

Com o fim da gestão Bolsonaro, alvo de duras críticas, o país renova a sua agenda ambiental e está pronto para novas negociações

atualizado

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1 de 1 protest about the environment - Foto: Pexels/Markus Spiske

Com a participação de representantes de mais de 150 países, a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP27) começa neste domingo (6/11) em Sharm el-Sheikh, no Egito. Além dos enviados pelo governo federal, o encontro contará com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados, que chegam à África com grandes expectativas para a agenda ambiental brasileira dos próximos quatro anos.

Durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) o Brasil recebeu duras críticas de órgãos de proteção ao meio ambiente nacionais e internacionais sobre a gerência da agenda ambiental por parte do governo federal. Entre elas está a baixa fiscalização de crimes contra a fauna e a flora, além do sucateamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A campanha de Lula contou com o apoio de diversas entidades de proteção ao meio ambiente e nomes referentes no cenário nacional e mundial, entre eles a ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva. Ambientalistas esperam que a nova gestão reafirme o compromisso com a causa ambiental e coloque novamente o país em destaque na preservação e no desenvolvimento sustentável.

Promessas do governo Bolsonaro

Durante a COP26, em Glasgow, no Reino Unido, o governo Bolsonaro fechou acordos importantes para proteção do meio ambiente, como a neutralização de dióxido de carbono até 2028, redução das emissões de metano em até 30% e o compromisso para reverter a perda florestal e a degradação do solo até 2030.

Entretanto, a gestão Bolsonaro não apresentou ações concretas para cumprir os acordos e chega ao Egito sem apresentar bons resultados sobre a preservação do meio ambiente e a redução de gases de efeito estufa.

Entre os dados da gestão Bolsonaro estão o aumento de 12,2%, em 2021, de emissões de gases de efeito estufa segundo a 10ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (Seeg).

Relatório do Seeg aponta também que 81% das emissões de metano são oriundas dos incêndios florestais que acontecem nas áreas desmatadas, em 2020.

Em nota encaminhada ao Metrópoles, o Ministério do Meio Ambiente informou que o Brasil chegará a COP27 com o intuito de demonstrar o potencial brasileiro na geração de excedente de energias verdes. Além disso, o governo federal irá participar de encontros com lideranças mundiais sobre o mercado de carbono; financiamento climático para mitigação e adaptação.

Coadjuvante

Para o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, o Brasil deixou de ser protagonista na questão climática e passou a ser coadjuvante durante a gestão Bolsonaro.

“O Brasil é um país líder nesse debate mundial desde muitas décadas atrás e a gente infelizmente nos últimos anos perdeu o protagonismo, eu atribuo isso a um conjunto de políticas equivocadas que foram e desenvolvidas por esse governo”, disse ele ao Metrópoles.

“Se a gente comparar os três anos de Bolsonaro com os três anos anteriores, então a gente infelizmente está na contramão, o que cria uma expectativa muito grande para essa COP do Egito”, afirma Guimarães.

O diretor-executivo do SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes, declarou que a gestão Bolsonaro não irá deixar nenhuma herança positiva na questão climática, principalmente relacionado às negociações da COP.

“O governo Bolsonaro muito mais dificultou as negociações do que facilitou. Então comparado a períodos anteriores a gente saiu de um papel de liderança e de negociador para ser um dificultador e um país de menor importância nas negociações”.

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão

Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Desmatamento na Amazônia

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

Expectativas para a COP27

Para os ambientalistas, a COP27 será um lugar para o Brasil mostrar que irá discutir novamente a questão climática e estará aberto para negociações sobre o tema. Além disso, a participação do presidente eleito Lula demonstra o compromisso do novo governo.

“Então, há uma enorme expectativa da participação nessa COP, há um um grande interesse do mundo no Brasil até por conta destes últimos três quatro anos em que o Brasil esteve praticamente ausente dessas discussões mais aprofundadas”, afirma André Guimarães.

“Essa expectativa em torno do Brasil pode reverter investimentos pro Brasil fazer para coibir o desmatamento, para promover atividades mais sustentáveis e ter e atingir então a suas metas de redução de emissão que estão estabelecidas”, acrescentou Guimarães.

Guedes afirma que a participação do presidente eleito Lula na COP poderá ampliar os debates em torno da proteção do meio ambiente e da conservação da Amazônia.

“Lula vai sentar com o Biden, ele vai muito mais em uma missão diplomática de apresentar um novo país é muito mais diplomático. Que tem interesse em retomar a ação do país”, reforça o diretor-executivo do SOS Mata Atlântica.

André Guimarães reforça a importância da participação do presidente eleito na COP27, mas reforça a importância da fiscalização dos acordos que podem ser firmados entre o novo governo na questão ambiental.

“A postura da sociedade civil é de esperança com a mudança nos ventos do governo, mas deve ser uma postura de crítica. Ou seja, se o governo prometer e não cumprir, a sociedade civil tem que estar atenta para poder criticar”, afirmou Guimarães.

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