Bioma Pampa perdeu quase 29,5% da vegetação nativa em 37 anos
A vegetação perdeu o equivalente a 70 vezes a área do município de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, aponta Mapbiomas
atualizado
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O bioma Pampa perdeu 3,4 milhões de hectares nos últimos 37 anos, o equivalente a 70 vezes a área de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. A vegetação dessa região é utilizada principalmente pela pecuária, mas tem perdido espaço para a agricultura, segundo relatório do Mapbiomas, uma iniciativa formada por instituições ligadas à preservação do meio ambiente.
Em 1985 as áreas de vegetação nativa ocupavam 61,3% do Pampa, em 2021 esse preenchimento caiu para 43,2% – quase o mesmo das áreas de agricultura, que já ocupam 41,6% do bioma.
Segundo o levantamento do Mapbiomas, o Pampa foi o bioma que mais perdeu vegetação nativa entre 1985 e 2021 em termos proporcionais.
“O avanço exagerado da agricultura, especialmente da soja, sobre as áreas de vegetação campestre deve servir de alerta sobre qual será o futuro do bioma. Estamos deixando de lado a pecuária sustentável, que é a vocação natural do bioma – e que permite produzir e ao mesmo tempo conservar a natureza, e apostando tudo em poucas commodities, como a soja e a silvicultura”, explica Heinrich Hasenack, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A silvicultura destinada à recuperação e aproveitamento do bioma ocupa 744.959 hectares, um aumento de 1,64% em comparação com 1985, quando a área destinada era de 42.775 hectares.
Floresta secundária
Os resultados do mapeamento do bioma também mostram que um em cada quatro hectares de vegetação nativa no Pampa é de floresta secundária – aquela já foi suprimida pelo menos uma vez e acabou se regenerando.
Entre 1985 e 2021, 2,2 milhões de hectares da vegetação nativa se tornaram floresta secundária, o que equivale a mais de 45 vezes o município de Porto Alegre.
“As transformações no uso da terra do Pampa têm sido muito expressivas em uma única direção, o que preocupa muito já que não apontam para um caminho de sustentabilidade ambiental”, adverte Hasenack.