Augusto Heleno: “Índices de desmatamento na Amazônia são manipulados”
Segundo o chefe do GSI, se fossem verdadeiros os dados anunciados até hoje, a região amazônica já seria “um deserto”
atualizado
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Para o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro (PSL), general Augusto Heleno, os índices de desmatamento na Amazônia são “manipulados”. A declaração foi dada durante entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta quarta-feira (03/07/2019), quando o general foi questionado sobre a crescente preocupação internacional quanto à política ambiental do Brasil.
“A Amazônia é brasileira e quem tem que cuidar dela somos nós. Esses índices de desmatamento são manipulados”, disse o ministro. “Se você somar os porcentuais que já anunciaram até hoje de desmatamento na Amazônia, a Amazônia já seria um deserto”.
Augusto Heleno afirmou, na entrevista, que muito mais da metade da Amazônia está intocada. Segundo ele, “os países que nos querem cobrar o comportamento que eles acham correto nunca seguiram esse comportamento. O maior preservador de ambiente do mundo é o Brasil“.
O general da reserva não comentou especificamente a divulgação dos novos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que observa e monitora por meio de imagens a derrubada da floresta.
Dados do Inpe
Segundo balanço parcial do órgão divulgado nesta semana, o desmatamento na Amazônia cresceu, em junho deste ano, quase 60% em relação ao mesmo mês de 2018 – de 488,4 km² para 762,3 km² de mata nativa, o equivalente a duas vezes a área de Belo Horizonte.
Nesta quarta, o órgão afirmou que o desmatamento total no mês foi de 920,4 km², aumento de 88%. No acumulado de 2019, foram derrubados 2.273,6 km² de floresta, o pior registro desde 2016.
A reportagem questionou o general Augusto Heleno se suas críticas aos índices de desmatamento se estendem aos resultados do Inpe. “Esses dados sobre desmatamento merecem certa reserva. Essa pergunta deve ser feita ao Ministério do Meio Ambiente”.
Procurado pela BBC News Brasil, o Inpe ainda não havia respondido aos questionamentos até a publicação desta reportagem.