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“Assegurar água é assegurar dignidade”, diz Temer na abertura do fórum

Brasília recebe pela primeira vez o encontro, que acontece a cada três anos. Programação segue até o dia 23

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rollemberg e Temer
1 de 1 Rollemberg e Temer - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com a presença de 12 chefes de Estado no Palácio do Itamaraty (veja lista ao fim da matéria), o presidente da República, Michel Temer (MDB), abriu oficialmente o 8º Fórum Mundial da Água nesta segunda-feira (19/3). Brasília sedia pela primeira vez o evento, que segue até 23 de março. O momento é apropriado: o palco das discussões enfrenta, há um ano e meio, crise hídrica sem precedentes, responsável pelo rodízio de abastecimento imposto à população desde 16 de janeiro de 2017.

Conforme afirmou Temer em discurso, “ninguém aqui ignora que o acesso à água está ligado à nossa capacidade de crescer de forma sustentável”. “A vida na terra estará ameaçada se não respeitarmos os limites da natureza. O compromisso do país com a sustentabilidade é algo histórico”, ponderou o presidente, citando a Eco-92 e a Rio+20.

Depois de enfatizar que, no Brasil, “não admitimos crescimento a qualquer custo”, o emedebista elencou as ações do governo para melhorar o acesso à água pelo população, como a transposição do Rio São Francisco. “Assegurar água é assegurar dignidade. Esse é o propósito que continuará a nos guiar”, pontuou.

A transposição do São Francisco, principal empreendimento para barrar os prejuízos da estiagem no Nordeste do país, está atrasada. A obra já era cogitada em 2001, mas só começou a ser feita em 2007. Com investimento total de R$ 9,6 bilhões, de acordo com o Ministério da Integração, terá 477km de extensão em dois eixos (Leste e Norte), a fim de beneficiar 12 milhões de pessoas.

Com término previsto para 2012, o Eixo Leste só foi inaugurado na primeira semana de março deste ano. O restante deve ficar pronto até o fim de 2018 e beneficiar mais 7,1 milhões de cidadãos.

Ao falar sobre saneamento básico, o presidente da República falou que “tanto ainda resta por fazer”. Segundo ele, o governo está concluindo um projeto de lei com vistas a modernizar o marco regulatório e incentivar novos investimentos. “O que nos move naturalmente à busca da universalização desse serviço básico.”, disse.

Embora o Brasil detenha a maior parcela da água doce do planeta, 12% – conforme registros da Agência Nacional de Águas (ANA) –, há mais de 35 milhões de brasileiros sem fornecimento. O dado é do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2016, levantamento do Ministério das Cidades divulgado em fevereiro deste ano.

De acordo com o estudo da pasta, o serviço de água tratada chega, atualmente, para 83,3% dos brasileiros. Há um planejamento do governo federal, denominado Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansa), que auxiliará no processo de ampliação da cobertura para as regiões mais afetadas pela falta de água e de saneamento básico.

Até 2033, a medida tem como meta aumentar o atendimento de saneamento sanitário para 93% das áreas urbanas e 69% das áreas rurais do país. Já sobre o abastecimento de água tratada, o objetivo é alcançar 100% dos domicílios em meio urbano ainda em 2023.

DF
Depois de Temer, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), discursou. Para o chefe do Buriti, “o aumento populacional” e “a falta de recursos e de chuvas” desencadearam a crise hídrica em Brasília. Mas, segundo o socialista, “o apoio da população permite visualizar um futuro sem crise”. Ele mencionou ainda ações de sua gestão, como a desativação do Lixão da Estrutural e o combate à ocupação desordenada do solo, além da retomada da obra de captação de Corumbá, que está em andamento, em parceria com o Governo de Goiás.

“O Fórum Mundial da Água deixará um legado. Estamos tratando o tema que busca atingir o desenvolvimento sustentável. Precisamos compartilhar água, saberes, opinião, ideias. Devemos dar ouvidos a todas as vozes, de todo o mundo, nada pode nos unir tanto quanto a água”, finalizou Rollemberg.

Negócios
O espaço destinado a negócios no 8º Fórum Mundial da Água foi aberto na tarde de domingo (18) no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha. Instituições públicas, privadas e da sociedade civil expõem os produtos e os serviços no lugar, reservado exclusivamente para o público pagante. A expectativa do Fórum Mundial da Água é de reunir 10 mil congressistas e 45 mil visitantes.

Atrações gratuitas
Também no estádio, há um espaço com atrações gratuitas para o público em geral. Trata-se da Vila Cidadã, aberta no sábado. O funcionamento é das 9h às 22h. Para participar, é preciso que o interessado se cadastre no portal do evento ou no local. A programação completa está disponível no site do fórum.

Visitantes encontraram problemas para acessar as instalações da Vila Cidadã na tarde desse domingo (18). As longas filas eram vistas logo na entrada da tenda montada no local. Após a espera para passar pelo detector de metais, participantes tiveram de enfrentar mais aglomeração na hora de fazer o credenciamento.

Veja a lista de chefes de delegação na abertura do 8º Fórum Mundial da Água:

  • Jorge Carlos de Almeida Fonseca, presidente da República de Cabo Verde
  • David Arthur Granger, presidente da República Cooperativa da Guiana
  • János Áder, presidente da Hungria
  • Evaristo Espírito Santo Carvalho, presidente da República de São Tomé e Príncipe
  • Naruhito, príncipe herdeiro do Japão
  • Lee Nak-yon, primeiro-ministro da República da Coreia
  • Saad Dine El Otomani, primeiro-ministro do Reino do Marrocos
  • Serge Telle, primeiro-ministro do Principado de Mônaco
  • Teodoro Obiang Mangue, vice-presidente da República da Guiné Equatorial
  • Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO
  • Danilo Türk, ex-presidente da República da Eslovênia
  • Sidiki Kaba, ministro dos Negócios Estrangeiros da República do Senegal

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