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Área de garimpo na bacia do Rio Madeira é a maior desde 1985

O Rio Madeira é palco de uma febril e intensa corrida pelo ouro que tomou conta dos noticiários nesta semana

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Garimpeiros desmobilizam exploração no rio madeira em Autazes amazonia 4
1 de 1 Garimpeiros desmobilizam exploração no rio madeira em Autazes amazonia 4 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A área garimpada na bacia hidrográfica do Rio Madeira mais que quadruplicou ao longo dos últimos 35 anos. Alcançou, em 2020, o maior número da série histórica.

A extensão da atividade garimpeira na região saltou de 2,2 mil hectares em 1985 para 9,66 mil hectares (o equivalente ao tamanho da cidade de Vitória, capital do Espírito Santo) no ano passado. Trata-se de um aumento de 339% no período. Os dados foram levantados pelo MapBiomas a pedido do Metrópoles.

A bacia está localizada no norte do Brasil, e abrange Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.

O principal rio da região, que leva o mesmo nome – Rio Madeira –, é palco de uma febril e intensa corrida pelo ouro em grande parte de sua extensão, mas assustou o país nesta semana com a concentração de centenas de balsas em área próxima ao município de Autazes, no interior do Amazonas.

Área de garimpo na bacia do Rio Madeira é a maior desde 1985
Área de garimpo na bacia do Rio Madeira é a maior desde 1985

Em poucos dias, centenas de balsas se juntaram na beira de um distrito de Autazes chamado Porto do Rosarinho, após circular, entre garimpeiros que já exploram o minério no afluente do Rio Amazonas a notícia de que havia um bom lugar para garimpar.

No entanto, os garimpeiros saíram em fuga, como registrou o Metrópoles nesse sábado (27/11), após as forças federais deflagrarem uma operação contra o garimpo fluvial. Ao menos 20 barcas foram apreendidas e, segundo o Greenpeace, uma pessoa foi presa.

A série histórica compilada pelo MapBiomas mostra ainda que a área minerada na bacia do Rio Madeira cresceu ininterruptamente desde 1985, independentemente do governo que estivesse no poder, mas teve um salto abrupto após 2007. A análise considera apenas a área garimpeira de superfície, ou seja, garimpos que estão acima da lâmina d’água e passíveis de observação por satélites.

Diferentemente da mineração industrial, focada na produção de ferro e alumínio, o garimpo tem como principal atividade a extração de ouro.

A prática causa vários impactos para o meio ambiente e para o ser humano, explica a porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace, Carolina Marcaço, em conversa com o Metrópoles.

O primeiro deles, mais direto e visual, é o assoreamento de rios (quando se tem dejetos que podem modificar, por exemplo, o curso da água). “Temos também outros níveis de impactos que não são tão visíveis, como o despejo de mercúrio [usado nos garimpos para a limpeza do ouro], que traz grandes problemas não somente para o ecossistema, mas também para a população geral”, alerta a especialista.

“O garimpo na Amazônia não é um problema novo, já existe há bastante tempo, mas houve uma intensificação nos últimos anos por uma série de fatores, como o discurso do presidente Jair Bolsonaro”, complementa Marcaço.

Gerente de Portfólio do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues afirma que as imagens das barcas atracadas no Rio Madeira são um símbolo do absurdo descontrole da mineração ilegal na Amazônia.

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Balsas que sobraram na altura de Autazes, no Rio Madeira
Região chegou a reunir 600 balsas, mas ameaça de operação afugentou garimpeiros
Balsas têm dragas que puxam água e areia do fundo do rio para procurar ouro
Água puxada do fundo do rio passa por espécie de filtragem na balsa, para que o ouro seja extraído
Garimpeiro em Autazes, no Amazonas
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Balsas de garimpeiros na altura de Autazes, no Rio Madeira

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Balsas que sobraram na altura de Autazes, no Rio Madeira

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Região chegou a reunir 600 balsas, mas ameaça de operação afugentou garimpeiros

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Balsas têm dragas que puxam água e areia do fundo do rio para procurar ouro

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Água puxada do fundo do rio passa por espécie de filtragem na balsa, para que o ouro seja extraído

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Garimpeiro em Autazes, no Amazonas

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Balsas que sobraram na região

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Garimpo no Rio Madeira, no Amazonas

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Garimpeiro no Rio Madeira

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“Os garimpeiros enxergam que as atividades ilegais vão ser regularizadas, o que impulsiona o aumento da extração ilegal”, relata.

Pesquisa divulgada em julho deste ano do Instituto Escolhas revela que, somente no ano passado, o Brasil exportou 111 toneladas de ouro, movimentando US$ 4,9 bilhões. Desse total, 19 toneladas (17%) não tinham registro de origem ou autorizações.

“Todo ouro ilegal encontra um caminho muito fácil para entrar no mercado formal, por meio de um processo de fraude que a gente chama de lavagem do ouro. O produto ilegal é vendido para uma instituição do sistema financeiro com uma declaração de origem falsa, mas essa informação é considerada verdadeira”, explica Rodrigues.

“Não tem nenhuma checagem, nenhum documento que comprova se a origem desse ouro vendido é legal. E isso a legislação do setor mineral permite. Ou seja, a gente tem uma institucionalização de fraudes e a facilitação da formação do crime organizado na cadeia do ouro aqui no Brasil”, comenta.

Canadá, Suíça, Polônia, Reino Unido, Emirados Árabes, Itália e Índia são os principais importadores de ouro brasileiro.

Outro lado

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que:

“Através de uma operação integrada com a Polícia Federal, Força Nacional, Marinha do Brasil e Ibama, o Governo Federal atua de forma contundente contra o garimpo ilegal na região do Rio Madeira, no Amazonas.

A operação teve início na última quarta-feira (24/11), quando helicópteros do Ibama fizeram o reconhecimento do local, ajustando todos os pontos necessários para intervenção das forças de repressão do Estado. O governo continuará atuando na região até que a situação esteja resolvida”.

Mesmo questionada, a pasta não se manifestou, contudo, sobre os dados apresentados pela reportagem.

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