Akuanduba: Coaf apontou operações suspeitas de Salles e madeireiros
Ministro do Meio Ambiente é alvo de mandado de busca e apreensão em operação que apura esquema ilegal de exportação de madeiras
atualizado
Compartilhar notícia
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou operações suspeitas realizadas no escritório de advocacia do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles – alvo da Operação Akuanduba, deflagrada nesta quarta-feira (19/5), pela Polícia Federal (PF), a fim de apurar esquema ilegal de exportação de madeiras.
Na decisão que autorizou a ação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes narra que empresas envolvidas no esquema e ao menos dois agentes públicos investigados realizaram operações suspeitas.
“A esse respeito, a representação [da PF] ainda aponta a possível existência de indícios de participação do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, em razão de comunicações ao COAF por operações suspeitas realizadas, também nos últimos anos, por intermédio do escritório de advocacia do qual o referido Ministro de Estado é sócio”, assinala o magistrado.
A PF aponta “grave esquema criminoso de caráter transnacional”, com participação de Salles e também do presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim, para favorecer empresas reincidentes na prática de infrações ambientais.
Em fevereiro de 2020, Salles se reuniu com representantes da Confloresta e Aimex, além de um diretor da Tradelink Madeiras, e, logo em seguida, houve “o atendimento integral da demanda formulada pelas duas entidades, […] legalizando, inclusive com efeitos retroativos, milhares de cargas expedidas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020”.
Essas empresas foram alvos de apreensões de produtos florestais exportados ilegalmente aos Estados Unidos.
Operação
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19/5), a Operação Akuanduba, que investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, são alvo da operação.
Pelo menos 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos estados de São Paulo e do Pará. Entre os endereços, estão a sede do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e o apartamento de Salles, em São Paulo. As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, Moraes determinou o afastamento preventivo de nove agentes públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Ministério do Meio Ambiente e no Ibama.
Leia a íntegra da decisão do ministro Alexandre de Moraes:
Decisão do STF sobre Ministério do Meio Ambiente e Ibama by Metropoles on Scribd