“Medo de crescer com trauma”, diz pai de bebê amarrado em escola de SP
Pai de um dos bebês que aparecem amarrados com lençóis em escola infantil de SP relata medo de a criança crescer com traumas
atualizado
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São Paulo – O pai de um dos bebês que aparecem no vídeo amarrados com lençóis, como se fossem “camisas de força”, em uma escola infantil, contou ao Metrópoles os traumas do filho. Leonardo Duarte, de 25 anos, afirmou que a criança não deixa mais que os pais coloquem um lençol em cima dele.
A diretora e proprietária da escola, Roberta Regina Rossi Serme, 40 anos, afirmou em depoimento, segundo o G1, que as imagens que mostram as crianças amarradas foram gravadas no banheiro ao lado de sua sala, mas nega ter amarrado ou dado ordens para isso.
Leonardo relata que isso passou a acontecer somente após o filho sofrer os maus-tratos na escola infantil Colmeia Mágica, que fica na zona leste de São Paulo.
“Nunca tínhamos entendido o porquê. Quando a gente colocava um lençol em cima dele para ele dormir, ele começava a se debater todo”, contou o pai do bebê amarrado. “A gente pensava: ‘Nossa, mas por que ele faz isso? Será que é hiperativo?'”
O bebê de 11 meses frequentava a escola desde os 4 meses de vida. O pai conta que a dona da escola, Roberta Serme, chegou a negar uma agressão e alegou que era época de inverno.
“Nós reparamos algumas mudanças desde o segundo mês por lá, ele sempre ficou doente. Mas no quarto mês, teve uma queda grande na saturação de respiração. Na época, a Roberta disse que era do frio, que ele brincava muito também e ficava cansado. Ele chegou a ficar dois meses internado na UTI”, contou Leonardo.
Confira o vídeo (cenas fortes):
“A gente achava que estava sendo bem-cuidado”
Para Leonardo a sensação é inexplicável. “Eu preferia que me amarrassem, mas deixassem meu filho livre”, afirmou. “A gente deixava ele na creche e íamos para o trabalho, a gente achava que ele estava sendo bem-cuidado”, completou.
Desde a última quinta-feira (10/3), Leonardo e a esposa não conseguem dormir. De acordo com ele, os dois têm pesadelos com o que o filho viveu. “Nosso maior medo é que ele cresça com traumas, que ele fique grande e leve isso junto com ele.”
Justiça
Segundo o pai da criança, quando procurou uma creche para a criança, não viu nada sobre as antigas denúncias contra a Colmeia Mágica: “Nem um Reclame Aqui, nada”.
Hoje, ele espera justiça pelo que fizeram com seu filho e com outras crianças. “Já tivemos um caso há 10 anos que foi arquivado, será que dessa vez algo será feito?”
“Eu pretendo fazer barulho nas redes sociais para que nenhum pai tenha que passar pelo que eu estou passando. Isso pode acontecer no Rio de Janeiro, em outros locais de São Paulo e em muitos outros lugares. Não vou deixar isso para lá”, afirmou.