Médium que dizia incorporar Dr. Fritz é preso por suspeita de abuso
O líder espiritual Kléber Aran, do templo do Amor Supremo, é investigado pelos crimes de importunação, abuso e violação sexual
atualizado
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A Polícia Civil da Bahia prendeu o líder religioso Kléber Aran, conhecido como Mesttre Aran e pelos tratamentos espirituais por meio da incorporação do espírito do médico alemão Adolph Fritz, chamado de Dr. Fritz. O homem é acusado de aproveitar da fragilidade de vítimas durante os tratamentos para cometer crimes de importunação, abuso e violação sexual.
Kléber Aran, um dos líderes do templo de Amor Supremo, foi preso em evento público amplamente anunciado em suas redes sociais. Os atendimentos ocorreriam em Salvador, na Rua Ceará, 944, Pituba.
Equipes do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV) da Polícia Civil no bairro da Pituba, prenderam o líder espiritual neste sábado (9/11), primeiro dia do evento em Salvador. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher.
Em 2021, o médium foi alvo da “Operação Cristal”. A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e no local de trabalho do médium que diz incorporar o espírito de “Dr. Fritz”.
A ação foi desencadeada pelo Ministério Público do Estado da Bahia por meio de atuação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e da 24ª Promotoria de Justiça de Salvador. Os investigadores buscaram provas de denúncias feitas contra o médium.
Kléber Aran é acusado de praticar violação sexual mediante fraude, lesão corporal e assédio sexual contra várias mulheres. As vítimas das violações narraram ao MP que ele exercia forte influência sobre mulheres do seu centro religioso. Elas eram levadas para participar de rituais supostamente religiosos, mas narraram ao MP que esses encontros serviam para “satisfação dos seus desejos libertinos”.
Guardiãs do Cristal
Segundo as vítimas, ele garantia o silêncio delas por meio de ameaças à integridade física e mental. As denúncias chegaram ao MP por meio do projeto Justiceiras.
Durante as investigações, as mulheres apresentaram ao MP arquivos de áudio extraídos de conversas de aplicativo de mensagens, que, segundo o Gaeco, eram ações para submetê-las “à sua lascívia, após criar a ilusão de que teriam sido escolhidas para serem as “guardiãs do Cristal”.
Segundo apurações, as vítimas eram cercadas de uma atmosfera de confiança e eram levadas a acreditar que a conduta de Kléber vinha de necessidades espirituais. Porém, após a concretização dos abusos, segundo o MP, o médium submetia as mulheres a “situações de humilhação e subserviência, permeadas por forte violência espiritual, psicológica, sexual e até financeira”.