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Médico que abusava de mulheres no Ceará chamava pacientes de “bebê”

Segundo as vítimas, José Hilton de Paiva dizia que abusos eram justificados como parte dos procedimentos ginecológicos

atualizado

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1 de 1 Untitled107 - Foto: Internet/Reprodução

O ginecologista e prefeito do município de Uruburetama (CE), José Hilson de Paiva (PCdoB), de 70 anos, foi denunciado por, pelo menos, 63 violações sexuais mediante fraude, o mesmo crime pelo qual responde o médium João de Deus. A denúncia foi divulgada pelo Fantástico, na noite deste domingo (14/07/2019). Em todas as filmagens, o médico chama as vítimas de “bebê” enquanto  abusada delas.

Conforme o dominical da TV Globo, os abusos ocorriam em dois consultórios do médico, sendo um deles na própria residência do profissional. O outro fica no hospital público da cidade, que tem cerca de 20 mil habitantes.

A revista digital ouviu seis vítimas do médico. Uma delas contou que foi abusada pela primeira vez aos 14 anos e disse só ter voltado a se consultar porque o prefeito é o único ginecologista da cidade. Outras repetiram uma versão parecida: a de que José Hilson teria abocanhado os seios delas sob o pretexto de identificar se havia secreção nas mamas – que também se repete em praticamente todos os vídeos no qual ele aparece cometendo os abusos.

As imagens foram mostradas para o membro da Associação Médica Brasileira, Diogo Leite Sampaio, que afirmou à reportagem não haver qualquer procedimento médico que se assemelhe ao praticado pelo ginecologista. “Isso é um crime”, resumiu Sampaio.

Uma mulher procurou o acusado por não conseguir engravidar. Ela nunca tinha se consultado com um ginecologista antes, pois foi levada a acreditar que aquilo era um exame legítimo. Segundo o relato da vítima, José Hilton a obrigou a fazer sexo oral nele e a pôs apoiada de costas sobre a maca. “Você tem que me enxergar como médico, não como homem”, teria dito ao cometer os abusos. Ela não denunciou à época e tem acompanhamento psicológico até hoje.

“Ele me mandou ficar com a boca aberta, a língua para fora e os olhos fechados. Quando eu percebi, ele tinha colocado o pênis dele na minha boca”, denunciou outra mulher.

José Hilson nasceu no Ceará, mas formou-se em medicina no Rio de Janeiro, em 1966. Entre 1989 e 1992 foi prefeito de Uruburetama pela primeira vez. Chegou a virar notícia pelo Brasil por fazer prestação de contas em praça pública. A esposa dele também ocupou a prefeitura.

O prefeito chegou a processar denunciantes por calúnia e difamação e várias delas desistiram do processo. Questionado sobre o caso, Hilson alegou que nunca fez nada forçado, acusou a oposição de querer sujar sua imagem e saiu ao ser questionado sobre as vítimas. “Perguntou demais”, disse, antes de entrar no carro.

A esposa do prefeito também foi questionada se teria conhecimento das violações sexuais. Ela limitou-se a dizer: “Eu quero saber que homem não trai a sua esposa”.

A defesa do ginecologista disse ao Fantástico que só soube do caso por “ouvir dizer” e que vai procurar o Ministério Público para saber da veracidade do material.

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