“Médico pediu perdão em frente ao corpo”, diz filha de morta após lipo
“Não consigo perdoar. Estamos devastados”, afirma filha da comerciante Rosimery Dário, 50, que faleceu após cirurgia de hidrolipo
atualizado
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Rio de Janeiro – Quando iniciou o procedimento contratado, na Clínica de Estética Cemear, em Duque de Caixas, às 19h de segunda-feira (24/1), a comerciante Rosimery de Freitas Dário, 50 anos, acreditava estar realizando um sonho. A vontade de ficar mais bonita e usar os biquínis novos separados no armário deu lugar às complicações de uma cirurgia mal feita, que levaram a paciente à morte.
Filha da vítima, Larissa conta ao Metrópoles que o pior de todo o processo de socorrer a mãe foi o diálogo com o responsável pela operação, o médico Ronald Renti Rocha.
“Ele me pediu perdão em frente ao corpo da minha mãe. Eu disse que não. Aí, ele explicou que não sabia o que tinha acontecido, que nunca havia passado por aquilo. ‘Então você realmente matou a minha mãe?’, perguntei. Ele respondeu que sim, pediu perdão novamente, e nos abandonou ali, despedaçados”, contou Larissa, acrescentando que, em seguida, achou os frascos de medicamentos usados para reanimar a paciente, vencidos desde julho de 2021.
Larissa conta que, a partir daquele momento, houve uma confusão na clínica, lotada de pacientes para fazer cirurgias e drenagens pós cirúrgicas. O médico, de acordo com a filha, deixou o espaço onde estava o corpo de Rosimery gritando, pedindo para chamarem “uma ambulância, porque a paciente não acordou mais”.
“Nesse momento, meu primo viu quando a esposa do médico, Cíntia, reunia documentos e pertences do doutor em caixas para esvaziar o consultório. A sorte é que ele a impediu. Está tudo errado. Ainda ficamos desamparados, sem qualquer resposta ou orientação. Quando minha mãe estava passando mal, em casa, e liguei para saber o que fazer, ele deveria ter me mandado levá-la para uma emergência e não para aquele lugar onde não tinha condição de ser socorrida”, desabafa a filha.
Emocionada, Larissa relembra a rotina da família, que só agia sob comando da comerciante, que “trabalhava de domingo a domingo em sua mercearia, serviço pelo qual era apaixonada”.
“Ela tirava qualquer tempinho da vida dela para dar amor à família. Nunca fizemos nada sem ela, sem o consentimento dela. Ela sempre foi muito vaidosa, queria se sentir bem na praia. Gastou mais de R$ 8 mil para morrer, fora remédio, as drenagens e tudo mais. Os netos dela ainda nem sabem. A justiça de Deus será feita, mas a do homem também deve prevalecer”, completa Larissa.
Entenda o caso
Rosimery chegou à clínica no fim da tarde de 24/1 e foi liberada após a hidrolipo a qual foi submetida. Na manhã seguinte, a comerciante acordou disposta, mas em minutos passou a sentir falta de ar, sudorese intensa e desorientação. De volta à clínica de estética por orientação do médico Ronald Renti da Rocha, a mulher foi declarada morta.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o óbito de Rosimery. O profissional prestou depoimento no dia da morte e acabou liberado, mas deve ser chamado novamente. Os parentes da vítima também vão depor. A Clínica Cemear foi periciada na noite desta terça e está temporariamente fechada. O delegado responsável pelo caso aguarda os laudos para verificar se o local era apropriado para realização de procedimentos estéticos.
A família de Rosimery está aguardando a liberação do corpo para fazer a cremação. As cinzas serão jogadas na cidade de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, onde a dona de casa costumava visitar. Este é o segundo caso de morte de pacientes após procedimentos estéticos em pouco mais de um mês. Em dezembro passado, a diarista Maria Jandimar Rodrigues morreu também após realizar uma hidrolipo em uma clínica na zona norte do Rio.