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São Paulo – O médico Oliveira Pereira da Silva Alexandre, do município de Assis, no interior paulista, está sendo investigado pela prefeitura e pelo Ministério Público Estadual por ter tomado duas doses de vacinas contra a Covid-19 de laboratórios diferentes. Em um vídeo publicado no YouTube nessa segunda-feira (15/2) e posteriormente apagado, o profissional, que se apresenta como “Dr. Oliveira”, admitiu que recebeu uma dose da Coronavac e, menos de uma semana depois, outra dose da Oxford/AstraZeneca.
Em nota enviada ao Metrópoles, a Prefeitura de Assis informou que Oliveira Pereira da Silva Alexandre não é servidor municipal, mas, sim, estadual – no Hospital Regional de Assis e cooperado na Unimed. “No entanto, o Departamento Jurídico da Prefeitura está realizando as diligências necessárias para responsabilizar, dentro de sua competência, a conduta do médico”, destaca o pronunciamento do município.
A gestão municipal reforça ainda que já comunicou o ocorrido à Secretaria Estadual de Saúde. “A vacinação da Covid-19 é pública e deve ser tratada como tal. Assim sendo, o Ministério Público Estadual já instaurou inquérito civil para apurar, em tese, as infrações penais cabíveis e improbidade administrativa”, pontua a prefeitura.
O médico tomou a primeira dose no dia 29 de janeiro, no Hospital Regional, na condição de servidor público que trabalha na linha de frente de combate à pandemia. Já a segunda, a da Astrazeneca, ele recebeu no dia 2 de fevereiro, como beneficiário da Unimed.
“Ninguém ficou sem vacina por minha causa”
Após repercussão negativa, o médico publicou um vídeo no Facebook no qual declara que sentiu na pele, assim como o presidente Jair Bolsonaro, a “demonização” promovida pela imprensa.
“Por dois minutos, eu senti o que o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro vem sentindo há dois anos. Eu me senti como Jesus Cristo lá na cruz, com a multidão gritando: ‘crucifica, crucifica’. Ou como aquela prostituta levada aos pés do Senhor Jesus para ser apedrejada”, diz.
No vídeo no Facebook, o profissional afirma que tomou a dose da AstraZeneca porque recebeu uma ligação, no fim da tarde, com um convite para ser vacinado. Segundo o médico, o funcionário teria dito a ele que, se o imunizante não fosse usado, seria descartado por ter ficado exposto.
“Então eu pensei: a vacina vai ficar perdida se eu não tomar, não faz diferença. Foi esse o meu raciocínio lógico. Tomo a da Astrazeneca, que é dose única, e a outra dose (a segunda que receberia) da Coronavac fica à disposição do cidadão. Então, ninguém ficou sem vacina por minha causa”, alegou Oliveira.
Em relação à repercussão na imprensa, o médico diz que advogados já estão estudando “o que fazer” por ele ter sido exposto “à execração pública”. “Tem um jornaleco de esquerda comunista aqui da cidade, que, se você entrar lá agora, vocês vão ver como eu estou sendo exposto à execração pública”, diz.
A Secretaria Municipal de Saúde ressalta que segue rigorosamente todos os protocolos de imunização estabelecidos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacina Contra a Covid-19, publicado pelo Ministério da Saúde, e no Informe Técnico de Campanha Nacional de Vacinação, emitido pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.