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Médico condenado por lesbofobia teve encontro com Bolsonaro e Damares

Dorival Ricci Júnior foi condenado a 1 ano e 3 meses de prisão após expulsar uma cuidadora de idosos lésbica de seu hospital

atualizado

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1 de 1 ricci junior - Foto: Reprodução

Condenado após expulsar uma cuidadora de idosos lésbica de seu hospital, o médico paranaense Dorival Ricci Júnior (foto em destaque), de 51 anos, também já foi denunciado por ofender um homem negro e por negar tratamento emergencial a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ricci Júnior é dono do Hospital Paraíso, em Paraíso do Norte (PR). A empresa foi herdada do pai, o médico Dorival Ricci, considerado pioneiro da cidade e morto no início de 2020 após apresentar problemas cardíacos.

O filho foi condenado em abril deste ano, pela Vara Criminal de Paraíso do Norte, a um ano, três meses e 22 dias de reclusão por racismo social. Em referência à vítima, uma cuidadora de idosos lésbica de 36 anos, Ricci Júnior disse não saber “que espécie que é, se é homem ou se é mulher”. Ele afirmou, ainda, que “aqui não pode”, e perguntou como ela entrou na unidade de saúde. “Não quero saber, saia do meu hospital”, disse.

O crime de lesbofobia ocorreu em janeiro de 2020. Sete meses depois, o médico se reuniu em Brasília com a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro, em evento com discursos a favor do uso da cloroquina no tratamento da Covid.

“Dia histórico para mim, Brasília, no Palácio do Planalto com o PR Jair Messias Bolsonaro… Nós recebeu muito bem e a frase foi: ‘…dos fracos, covardes e omissos a História nunca se lembrará… Mas nós nós lembraremos de todos vocês’ [Sic]”, escreveu o médico em uma rede social, ao relembrar os encontros com as autoridades, que ocorreram em 24 de abril de 2020.

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Ricci Júnior foi um defensor ferrenho do tratamento precoce contra a doença do novo coronavírus. Já esteve com as médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como capitã Cloroquina, e o médico Flávio Cadegiani, acusado de causar mortes em um estudo para atestar a proxalutamida, que foi considerada pelos bolsonaristas como a “nova cloroquina”.

Hoje, divulga um tratamento “individualizado” do “pós-picada”. Ele mantém em suas redes sociais um vídeo de um discurso do médico americano Robert Malone, nos Estados Unidos, que afirma que as vacinas contra a Covid são ineficazes.

“Negro vagabundo”

Expulsar uma cuidadora de idosos devido à sua orientação sexual não foi o único caso de preconceito praticado pelo médico bolsonarista.

O Ministério Público do Paraná (MPPR) também ofereceu, em novembro do ano passado, denúncia por injúria racial contra o dono do Hospital Paraíso. Ricci Júnior teria ofendido o motorista de uma ambulância que conduzia uma paciente para ser atendida na unidade de saúde.

A vítima foi chamada de “negro vagabundo” pelo médico, que também disse não querer “aquela raça no hospital dele”. O crime, segundo a promotoria, ocorreu no próprio estabelecimento de saúde, em 29 de novembro de 2020.

Em maio deste ano, o Ministério Público do estado processou Dorival Ricci Júnior após o Hospital Paraíso ter suspendido “unilateralmente” o atendimento de pacientes do SUS, “desrespeitando contrato em vigor firmado com o estado do Paraná”.

O procedimento foi iniciado a partir de ofício da Secretaria de Saúde de Paraíso do Norte. A pasta informou que, no auge da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o hospital, a despeito da vigência do contrato para prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares, sobretudo de atendimento de urgência e emergência, teria havido a recusa de atendimento a vários pacientes.

Na ação, o MPPR pede a condenação do hospital e de Ricci Júnior ao pagamento de reparação de danos morais coletivos em valor não inferior a R$ 150 mil.

Além da ação civil pública, a Promotoria de Justiça ofereceu denúncia criminal contra o empresário por omissão de socorro, por quatro vezes, com pena prevista de detenção de um a seis meses ou multa. Na denúncia, o Ministério Público requer ainda a fixação de valor mínimo a ser pago pelo réu a título de reparação de danos materiais e morais sofridos pelas quatro vítimas.

Outro lado

O médico Dorival Ricci Júnior foi procurado por meio do Hospital Paraíso. Ele não retornou o contato. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República também não se manifestou. O espaço segue aberto.

Em nota, a ex-ministra Damares Alves informou que abomina qualquer tipo de preconceito e ressaltou que não tem aproximação com o médico Dorival Ricci Junior. Segundo ela, a foto foi tirada em uma visita ao gabinete. “Muitas pessoas solicitavam visitas para conhecê-la e ao ministério, e todas eram recebidas”, afirmou a assessoria.

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