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Medicamentos para intubação chegam a “nível crítico” em parte do país

Prefeitura no Rio Grande do Sul requisitou material até de clínicas veterinárias. Associação de prefeitos implora ajuda ao governo federal

atualizado

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Hospitais de várias localidades do país e entidades representativas da área da saúde e de gestores públicos têm relatado a falta de medicamentos básicos para intubação em unidades de terapia intensiva (UTI), em meio ao maior colapso sanitário e hospitalar da história, segundo a Fiocruz.

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus no país, as unidades de saúde e prefeituras clamam por ajuda do governo federal, pedem doações à comunidade e recorrem até a clínicas veterinárias em uma tentativa de não deixar faltar analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares.

O aumento de hospitalizações causadas pelo agravamento da pandemia de Covid-19 no país levou a demanda ao limite. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o Ministério da Saúde, em parceria com o Exército Brasileiro (EB), reabasteceu medicamentos para apenas três dias.

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) já enviou ofício ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao Ministério da Saúde alertando sobre a potencial falta de oxigênio e de medicamentos para sedação de pacientes intubados.

Nesta quinta-feira (18/3), a entidade informou ao governo federal que “o aumento sem precedentes” no número de contaminados pela Covid-19 e a alta demanda por atendimento hospitalar apontam para um cenário potencialmente ainda mais trágico”.

A situação preocupa gestores, profissionais de saúde, familiares e todo um país que vê a crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19 crescer dia após dia.

O número de mortes por Covid-19 tem alcançado patamares recordes. Somente na quarta-feira (17/3), 2.648 pessoas morreram por causa da doença, o que fez a média móvel chegar a 2.017 pela primeira vez.

Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Reinaldo Scheibe, estimou que os medicamentos para intubação acabarão em 20 dias.

“O número de internações aumentou, a permanência dos doentes nas UTIs também, e o consumo dos medicamentos explodiu”, assinalou Scheibe. Segundo a colunista, associações de intensivistas, hospitais e operadoras de saúde se reunião com a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar do assunto.

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Problema ocorreu em hospitais da rede pública e também na particular
A fila de espera por leitos de UTI da Covid-19 já foi significativa em Goiás
Paciente internado em Goiânia
Pronto-socorro do hospital Santa Bárbara, em Goiânia, onde a frequência de pacientes com Covid-19 aumentou nas últimas semanas
Paciente com Covid internado em Goiânia
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Na fase mais crítica da Covid, em Goiás, pacientes em estado grave chegaram a ser intubados nas enfermarias

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Problema ocorreu em hospitais da rede pública e também na particular

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A fila de espera por leitos de UTI da Covid-19 já foi significativa em Goiás

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Paciente internado em Goiânia

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Pronto-socorro do hospital Santa Bárbara, em Goiânia, onde a frequência de pacientes com Covid-19 aumentou nas últimas semanas

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Paciente com Covid internado em Goiânia

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Ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, por exemplo, informou que os estoques estão “críticos” e os hospitais do estado relatam dificuldades na aquisição.

A pasta disse que o governo federal entregou, nesta semana, os medicamentos Atracúrio 2,5 ml e 5 ml e Propofol, que foram entregues pelo Ministério da Saúde, mas “vieram em quantidade muito aquém da necessária”.

“A quantidade das duas apresentações de Atracúrio enviada foi suficiente apenas para cobertura de três dias e com possibilidade de distribuição somente para os hospitais com leitos de UTI que estavam com estoque zero”, ressaltou.

“O Propofol veio numa quantidade um pouco maior, sendo possível alcançar a distribuição para 24 dias”, prosseguiu.

Já a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte relatou que a dopamina está em processo de aquisição, porém a Unicat dispõe de medicamento substituto, a noraepinefrina. “Com exceção do propofol, todos os demais medicamentos estão em estoque”, ressaltou.

O Ministério da Saúde foi procurado para informar o motivo de ter enviado demanda “aquém do necessário” para o Rio Grande do Sul e se a situação foi exclusiva do estado, mas não se manifestou. O espaço segue aberto.

O presidente da Fundação Hospitalar São Francisco de Assis (HSSFA) – considerado o 20º maior hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) do país –, Paulo Taitson, ressalta que, com a falta de insumos básicos para intubação, há também um processo de encarecimento dos materiais, dificultando ainda mais a aquisição dos produtos.

“O insumo que, por exemplo, custava R$ 9, R$ 13, normalmente, no início da semana passada foi a R$ 40 e, já no final da semana, foi a mais de R$ 200. O mesmo produto, ligado ao processo de anestesia para intubação de paciente”, disse.

“Então, se esse insumo não chegar, a gente vai ter que transferir, mas como vamos transferir se todos os hospitais estão lotados?”, complementou. Ele relatou que abriu um processo para doação desses medicamentos na unidade.

De acordo com o jornal Gaúcha ZH, a prefeitura de São Leopoldo requisitou os medicamentos de clínicas veterinárias, farmácias privadas e de outros estabelecimentos que tenham as substâncias estocadas, após o estoque apresentar baixíssimo nível de medicamentos.

Analgésicos, anestésicos e relaxantes musculares serão utilizados na sedação dos pacientes internados no Hospital Centenário, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte e no Centro de Saúde da Feitoria.

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