Médica que morou em carro é contratada por hospital em que se internou
Roberta Carvalho, do Rio de Janeiro, representa o heroísmo dos profissionais de saúde durante a pandemia
atualizado
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Há 1 ano, desde que a pandemia de Covid-19 foi identificada no Brasil, profissionais da saúde enfrentam verdadeiras batalhas. Um deles é a médica Roberta Carvalho, que trabalha em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) e decidiu morar dentro de um carro para não voltar para casa e contagiar seus familiares em casa, como mostra reportagem do G1.
A médica foi infectada pelo novo coronavírus e viu a doença se agravar. Precisou ser intubada em estado grave e, enquanto estava no CTI, foi convidada para trabalhar no hospital onde estava, com a equipe que salvou sua vida.
No início da pandemia, Roberta se afastou da família, que tem pessoas idosas, e levou para o carro todos os itens que considerou necessário.
“Como existia a chance de eu me contaminar, na verdade a gente sabia que existia o risco, toda vez que a gente vai para um plantão, a gente sabe que se tiver um paciente com alguma doença contagiosa, existe o risco da gente se contaminar. Então eu optei por sair de casa, para não contaminar a minha família”, afirmou a médica ao G1.
Os amigos do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde ela trabalhava, a ajudavam quando era necessário. Em troca, a profissional retribuiu com horas extras de serviço.
“Por mais que você ficasse um pouquinho dentro do carro, entrava para tentar ler um pouco, ouvir música, você também não consegue se concentrar muito. Você está parado na porta do hospital. Ouvindo ambulância chegar, vendo que seus colegas tão trabalhando para caramba, com um monte de paciente muito grave. Você não vai ficar sentado dentro do carro ouvindo música”, contou a médica ao portal.
No final de abril, Roberta foi diagnosticada com Covid-19 e teve 50% do pulmão acometido pelo vírus antes de ter que ir para unidade de terapia intensiva, onde ficou por 10 dias.
“Fiz a tomografia e deu que eu estava com aproximadamente 25% do pulmão acometido já, apesar de ser o primeiro dia de sintoma”, contou.
Em menos de 24 horas de internação de hospital, ela precisou ser entubada. “Você aprende a desistir de tentar controlar tudo. Na verdade, quando você interna no CTI e percebe que a sua vida agora depende totalmente de outras pessoas”, disse Roberta Carvalho.
Quando Roberta Carvalho acordou, encontrou uma mensagem com um convite para que trabalhasse no mesmo Centro de Terapia Intensiva em que estava internada. Hoje ela trabalha com a equipe que a salvou.