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Média móvel de vacinação contra a Covid desacelera e cai 34,6% em 18 dias

Em meio a atrasos de insumos vindos da China para a fabricação de vacinas, Brasil não consegue deslanchar imunização contra Covid-19

atualizado

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Gustavo Alcântara/Especial Metrópoles
Vacinação contra Covid-19 em pessoas com comorbidades e gestantes no estacionamento 13 do Parque da Cidade
1 de 1 Vacinação contra Covid-19 em pessoas com comorbidades e gestantes no estacionamento 13 do Parque da Cidade - Foto: Gustavo Alcântara/Especial Metrópoles

Após bater marcas superiores a 1 milhão de vacinados por dia, o Brasil voltou a registrar queda na velocidade de imunização da população contra o coronavírus. Dados mostram que o ritmo da vacinação caiu 34,6% em 18 dias, desde o pico da média móvel diária de aplicação de doses, alcançado em 29 de abril.

Entre os dias 24 e 29 de abril, a média móvel diária (computada com dados dos sete dias anteriores) chegou a mais de um milhão de doses – 1.061.525, na quinta-feira, 29. O ritmo de alta constante, entretanto, durou pouco tempo, e o país viu, no último mês, recorrentes faltas de imunizantes e paralisações da campanha de vacinação em cidades de todo o país.

No último domingo (16/5), a média foi de 693.749 doses de imunizantes aplicadas, e o indicador já não ultrapassa média de 700 mil doses desde a última sexta-feira (14/5). O número é o menor desde 8 de abril, quando estava em 674.292.

Os dados são do consórcio de imprensa*, e foram analisados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles. O balanço inclui todas as informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde até as 20h de domingo.

Até as 20h de domingo, o Brasil tinha chegado à marca de 38.926.797 de vacinados com a primeira dose, e 19.394.736, com a segunda. Isso representa, respectivamente, índices de 23,7% da população adulta brasileira (estimada em 163,9 milhões de pessoas pelo IBGE) para a primeira aplicação e de 11,7% para a final.

Segundo a médica epidemiologista Ana Luiza Bierrenbach, assessora técnica sênior da Vital Strategies, uma organização mundial de pesquisadores e especialistas de vários campos do conhecimento, o avanço na imunização depende da oferta de vacinas, o que está sendo cada vez mais difícil no país.

“Não é falta de capacidade de imunização. O Brasil consegue facilmente vacinar mais de três milhões de pessoas por dia, como já vimos em outras campanhas no passado. Nosso problema é a falta de doses, de insumos. O país está desabastecido”, afirma Ana Luiza.

A escassez na produção se deve à falta de ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que é enviado pela China aos laboratórios do Instituto Butantan, responsável pela Coronavac, e da AstraZeneca pela Fiocruz. Atualmente, essas duas vacinas representam 99% de todas as doses aplicadas no país. A Pfizer representa 1%, e, até o momento, só tem sido aplicada nas capitais, por conta da logística envolvida para armazenamento do imunizante em temperaturas muito baixas.

Nessa segunda-feira, o Ministério da Saúde informou a chegada entre os dias 22 e 23 de maio de uma remessa à Fiocruz para a produção de 12 milhões de doses de vacinas.

Devido à falta de IFA, o Instituto Butantan chegou a interromper o envase na semana passada. No Twitter, o governador João Doria (PSDB) afirmou, nessa segunda, que o Instituto Butantan receberá os insumos da China para retomar a produção da Coronavac no dia 26 de maio.

Para Doria, o atraso no envio da matéria-prima se deve aos recorrentes ataques do governo brasileiro à China. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que o vírus foi criado pela China em laboratório.

Em meio aos entraves diplomáticos, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), presidente do Fórum dos Governadores, fez um pedido de audiência à embaixada da China para apaziguar os ânimos e garantir o fornecimento de insumos. A reunião com o embaixador Yang Wanming deve acontecer próxima quinta-feira (20/5).

Para Ana Luiza, as dificuldades diplomáticas precisam ser resolvidas para garantir o controle da pandemia e evitar a ocorrência de novas variantes. “Se é uma barreira política, ela precisa ser quebrada. Enquanto isso não acontece, estamos deixando o caminho livre para novas cepas, inclusive para que surja alguma que vá ser resistente às vacinas já em uso”, conclui.

A falta de imunizantes é, inclusive, pauta recorrente da CPI da Covid-19 no Senado. Na última quinta-feira (13/5), Carlos Murillo, gerente-geral da Pfizer para a América Latina, afirmou que o governo brasileiro recusou seis ofertas de contratos, que previam 1,5 milhão de doses da vacina em dezembro e 3 milhões até o fim de março. O contrato com o laboratório só foi fechado em 19 de março deste ano.

* O consórcio de imprensa é composto pelos veículos G1, O Globo, Extra, Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.

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