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Média de vacinação no país caiu 16,6% em maio

Ritmo de aplicação de imunizantes patinou, em meio a problemas com insumos. Ao todo, país aplicou 4.090.127 doses a menos em relação a abril

atualizado

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goias recebe doses de vacina contra covid
1 de 1 goias recebe doses de vacina contra covid - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Em abril, o país aplicou o maior número de vacinas contra a Covid-19, e via com esperança a chegada de insumos e doses para a imunização da população. Em maio, entretanto, a expectativa foi parcialmente frustrada: a vacinação diminuiu 16,6% em comparação ao mês anterior, uma queda de 4.090.127 doses.

No total, foram contabilizadas 20.542.279 doses aplicadas durante todo o mês. Em média, houve a administração de 662.654 unidades por dia – em abril, esse indicador foi de 821.080 a cada 24 horas.

Até esta quarta-feira, o país já havia aplicado 68.599.107 vacinas – 46.224.872 de primeira dose e 22.374.235 da segunda. Dados do Ministério da Saúde informam que foram distribuídas 102.908.909 doses de vacinas para todos os estados.

A análise foi realizada pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, e se baseia nos dados disponibilizados pelo consórcio de imprensa*. O balanço inclui todas as informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde até as 20h de terça-feira (1º/6). Vale destacar que, por serem recentes, os números relativos à vacinação podem sofrer pequenas atualizações.

Veja a seguir como está o ritmo da vacinação no país:

Para Lívia Vanessa Ribeiro, infectologista e vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, a principal razão para a queda de aplicações foi a redução de doses disponíveis, o que permitiu avançar mais lentamente para outros grupos e faixas etárias.

“As vacinas possuem o papel de evitar formas graves e críticas da doença. Quando conseguimos vacinar a maior parte dos indivíduos, a circulação do vírus reduz e temos mais chances de controle da pandemia. O atraso na vacinação favorece aumento na incidência de casos, surgimento de novas cepas, aumento do número de óbitos e dificulta cada vez mais o fim deste cenário de pandemia”, aponta Ribeiro.

Alguns pesquisadores já chamam a atenção para uma nova onda de contaminações. Em recente boletim, o Observatório Fiocruz Covid-19 alertou que, diante do patamar epidêmico atual, já elevado, uma nova explosão de casos de Covid-19 seria catastrófica.

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Calendários colocados à prova

Mesmo com as constantes paralisações no programa de imunização devido à dificuldade para manter a distribuição constante de doses, autoridades políticas vêm divulgando calendários considerados muito otimistas quando comparados ao ritmo atual de imunização contra o coronavírus no país.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou a atualização do calendário de vacinação no meio de maio. Na segunda-feira (31/5), começaram as aplicações na população em geral, respeitando a faixa de idade.

Na quarta-feira (2/6), o governador João Doria também anunciou em rede social o calendário de vacinação previsto para a população adulta de São Paulo – ele prometeu vacinar toda a população adulta do estado até 31 de outubro. Também na quarta, contudo, como antecipado pelo Metrópoles, o Instituto Butantan paralisou mais uma vez o envase de novas doses, já que outra remessa do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) deve chegar da China apenas em 28 de junho.

As previsões feitas pelas autoridades vêm sendo desmentidas pelas dificuldades no fornecimento constante das doses. Eder Gatti, médico infectologista, afirma ser natural que autoridades anunciem expectativas mais otimistas, mas dados recentes mostram que os cenários propostos são difíceis de acontecer.

“É difícil fazer previsões desse tipo considerando a desaceleração vista recentemente. A campanha de vacinação está com um desempenho ruim, e a vacina é pouca. Precisamos ver se isso vai se concretizar”, diz Gatti.

O especialista também chama a atenção para as interrupções constantes na fabricação de imunizantes, como a anunciada na quarta pelo Butantan.

Segundo Eder, a campanha contra a Covid-19 está muito aquém da capacidade de administração que o país tem para imunizar sua população.

“A campanha não é um sucesso, ela é um fracasso, em comparação ao que fizemos no passado. Não planejamos a produção [de vacinas] tampouco a importação. A população quer se vacinar, mas não tem vacina para todo mundo.”

Documentos entregues à CPI da Covid, aos quais o Metrópoles teve acesso, confirmam que o governo federal recusou ao menos sete vezes a oferta de compra da vacina produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Em depoimento, o diretor do instituto, Dimas Covas, chegou a afirmar que a recusa do governo fez com que o Brasil perdesse a oportunidade de ser um dos primeiros a vacinar sua população contra o coronavírus.

* O consórcio de imprensa é composto pelos veículos G1, O Globo, Extra, Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.

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