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MEC: Decotelli quer diálogo e gestão técnica, mas “guerra cultural” resiste

Discípulos do guru Olavo de Carvalho, que dominaram a Educação até agora, cerram fileiras contra ministros que consideram pragmáticos

atualizado

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Tudo que o oficial da reserva da Marinha Carlos Alberto Decotelli quer é deixar para trás as disputas ideológicas que marcaram a gestão do Ministério da Educação no governo Bolsonaro até agora. Nas primeiras declarações, disse que almeja mostrar um trabalho técnico, de gestão, com bases em experiências da iniciativa privada, onde conheceu, aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Com isso, esse economista que também tem carreira acadêmica e de gestor educacional, chega ao governo com a bênção de duas grandes alas de poder, os militares e a chamada ala pragmática, que perdeu Sergio Moro, mas mantém Guedes, o “superministro” restante.

Dacotelli virou oficialmente ministro no fim da tarde desta quinta (25/06), quando sua nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Agora, o único ministro interino no primeiro escalão é o da Saúde, o também militar Eduardo Pazuello.

Quem perde poder e influência com isso tudo é a ala ideológica, guiada pelo escritor e professor de filosofia on-line Olavo de Carvalho. Eles comandaram o MEC até agora, em gestões que terminaram marcadas por críticas. A de Ricardo Vélez Rodrigues durou pouco mais de três meses e a de Abraham Weintraub, 14.

Apesar da queda do ministro, a turma olavista ainda mantém muitos cargos na pasta, como a Secretaria de Alfabetização, comandada por Carlos Nadalim, um defensor da educação em casa que chegou a ser cotado para o comando do ministério.

Manter os olavistas não ajuda no objetivo de perseguir uma gestão técnica, porque os seguidores do guru não abrem mão da guerra ideológica contra a esquerda. Tirar os olavistas é certeza de virar alvo nas redes de perfis que têm influência sobre o presidente da República, pois compõem o núcleo de sua militância virtual.

Ministros militares e agora os novos aliados governistas do Centrão são alvos constantes da militância olavista, que critica acordos do governo com a “velha política” e defende uma atuação sem concessões por parte de Bolsonaro a outros poderes.

Por mais que queira, fugir, portanto, Decotelli terá pela frente essas questões ideológicas.

Hoje, logo após o anúncio da nomeação, o novo ministro deu declarações a jornalistas em tom contido e negando ter recebido qualquer pedido do presidente jair Bolsonaro de uma “gestão ideológica”.

“Não houve nenhuma demanda, nenhuma fala sobre questão ideológica, até porque eu não tenho nenhuma competência ideológica. Minha formação é na área de gestão e finanças”, sustentou Decotelli. “Eu sou um gestor de finanças e administração. O presidente falou: aplique a ciência, aplique a integração, para podermos entregar a melhor política pública para a educação no Brasil. Não tenho competência para fazer adequação ideológica.”

Já esteve no governo
Apesar da formação na iniciativa privada, a gestão pública não será novidade para Decotelli. Ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto do ano passado, tendo trabalhado com Vélez e Weintraub.

Quando estava no cargo, ele viajava muito para os estados. O Metrópoles chegou a mostrar que ele viajou, em média, a cada quatro dias. O novo ministro acredita que é melhor ver de perto o trabalho e os responsáveis por ele para poder cobrar resultados.

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Quando era presidente do FNDE, Decotelli passou 23% do tempo viajando
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O professor Carlos Alberto Decotelli foi ministro da Educação pelo período de cinco dias

Presidência da República
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YouTube/Reprodução
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Quando era presidente do FNDE, Decotelli passou 23% do tempo viajando

Reprodução/FNDE

CV
Decotelli se formou em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é mestre pela Fundação Getúlio Vargas, doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

Ele criou os cursos MBA Finanças no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), onde trabalhou com Paulo Guedes. Foi o primeiro MBA do país, em 1985, feito do qual o novo ministro se orgulha.

Neste link no YouTube é possível conhecer melhor o perfil extremamente direto e técnico do novo ministro da Educação em um aula sobre a diferença entre moeda e dinheiro.

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