“Me desencorajaram a denunciar”, diz mulher que acusa João de Deus
O médium é acusado de cometer crimes sexuais em Abadiânia (GO). E está sendo investigado pela Polícia Civil de Goiás
atualizado
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Após denúncias de assédio sexual contra o médium João de Deus serem divulgadas na televisão, no programa Conversa com Bial, mais vítimas estão relatando crimes sexuais. Em uma página no Instagram, uma mulher diz que foi três vezes na Casa de Dom Inácio Loyola, em 2015. Em uma das ocasiões, teria sido chamada para um atendimento individual com o líder espiritual.
“Mal sabia que estava entrando em uma roubada”, escreveu. Segundo o depoimento, João de Deus pediu que ela ficasse de costas e colocasse a mão sobre o peito. Em seguida, se posicionou atrás da mulher e começou a alisar seus seios.
Com a outra mão, o médium teria tirado o cinto que usava e seguia com os abusos. A vítima diz que sentiu muito medo e rezou durante o ato. O médium então, teria perguntado se ela gostaria de morar na cidade e que “teria tudo na vida”. Ao ouvir uma resposta negativa, soltou um objeto no chão e parou os movimentos.
Por fim, João de Deus disse para a jovem voltar ao local mais tarde, pois teria “algo” para lhe entregar. Ela disse que retornou ao local com um celular, na intenção de gravar, mas não conseguiu. “Ele disse que eu estava ótima, que ia me ajudar mesmo de longe”, relembra. E foi desencorajada por amigos a denunciar. “Não vão acreditar. Quem é você?”, ressaltou na postagem em uma página chamada “vítimas Joao de Deus”. A Polícia Civil abriu investigação para apurar as denúncias.
Outras vítimas
Uma outra mulher contou ter sido abusada por João de Deus durante uma consulta espiritual quando tinha 15 anos. A denúncia foi feita ao Jornal Nacional na noite desse sábado (8).
De acordo com a vítima, ela costumava frequentar o centro espírita Dom Inácio de Loyola sempre acompanhada da mãe, porém, em uma de suas idas ao local estava sozinha. Como havia feito com outras mulheres, ela foi levada para uma sala, supostamente usada como um banheiro.
Em determinado momento, João de Deus passou a segurá-la pelo quadril, a colocou de costas e começou a passar o pênis em suas nádegas. Ela disse ter ficado em pânico e começado a chorar, antes de deixar o local.
A coreógrafa holandesa Zahira Lieneke Mous deu um depoimento estarrecedor. “Ele abriu a calça, colocou a minha mão no pênis dele e começou a movimentar a minha mão. Estava em choque. Enquanto isso, ele continuava falando da minha família e disse que eu deveria sorrir. Depois, ele se limpou, me levou ao escritório, abriu um armário de pedras preciosas e mandou escolher a que eu mais gostasse”, disse.
Dias depois, ela afirma que João de Deus a puxou de novo para o banheiro. “Um padrão parecido, mas ele deu um passo adiante: me penetrou por trás“, disse ao jornalista Pedro Bial. Zahira passou quatro anos negando a si mesma o que tinha acontecido em Abadiânia, até que decidiu contar sua história em uma rede social. “Eu realmente espero poder ajudar outras mulheres a saírem desta sombra. Não precisamos sentir vergonha. Ele precisa ter vergonha”, ressaltou ao apresentador.
Uma outra vítima afirmou: “Ele pegava na minha mão e fazia eu pegar no pênis dele. Ele falava: ‘Você é forte, corajosa. O que está fazendo tem um valor enorme. Põe a mão, isso é uma limpeza”.
A mesma mulher disse que, pouco depois, apesar das recusas, João de Deus foi mais além e pediu para que ela fizesse sexo oral nele. Outra mulher afirmou que, de repente, sentiu o “membro dele nas nádegas. Comecei a chorar, a ficar desesperada. Só pensava: Como vou sair daqui”.