Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, depõe à PF nesta quinta
PF conduz investigação que apura suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação, sob comando de Mauro Cid
atualizado
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, vai depor à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18/5) no âmbito da Operação Venire. A investigação apura suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação que teria à frente Cid, e que envolveria Bolsonaro, a filha do ex-presidente e pessoas próximas, além do próprio Cid.
A PF apura se o militar cometeu os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação, peculato eletrônico e corrupção de menores.
Cid está preso desde 3 de maio, quando a operação foi deflagrada por autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo.
Investigação
A PF encontrou no celular de Cid, apreendido na data da operação para perícia, conversas de texto e áudio com interlocutores sobre a adulteração de cartões de vacinação. O objetivo seria mudar o cadastro de uma série de pessoas, no sistema do Ministério da Saúde, para que elas constassem como vacinadas. Os registros falseados pertenceriam à esposa de Cid, Gabriela Cid; a Jair Bolsonaro; a Laura Bolsonaro; a assessores do ex-presidente; e ao próprio militar.
A principal suspeita é que o esquema visava facilitar a entrada do grupo nos Estados Unidos, onde é obrigatório apresentar atestado de vacinação para a entrada. Bolsonaro deixou o Brasil rumo ao país em dezembro de 2022 e retornou em março de 2023.
Segundo a PF, as inserções de dados falsos ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. Ainda faziam parte do esquema o sargento Luis Marcos dos Reis, o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, o policial militar Max Guilherme Machado de Moura, o militar do Exército Sérgio Rocha Cordeiro e o secretario municipal de Duque de Caxias (RJ) João Carlos de Sousa Brecha.
Todos tiveram oitivas na data da deflagração, mas decidiram se manter em silêncio. Eles estão em prisão preventiva e, portanto, não têm data para serem libertos.
Depoimento de Bolsonaro
Em seu depoimento de mais de três horas nessa terça-feira (16/5), o ex-presidente Jair Bolsonaro não acusou Cid dos referidos crimes. No depoimento, Bolsonaro afirmou que nunca ouviu Mauro Cid mencionar o esquema ou como obteve os certificados, apesar de o ex-ajudante de ordens ficar encarregado de toda a sua gestão de cunho pessoal.
“Indagado se Mauro Cesar Cid relatou ao declarante como obteve os certificados de vacinação contra Covid-19 falsos, Bolsonaro respondeu que Mauro Cid nunca comentou como obteve os certificados de vacinação; que sequer comentou sobre certificados de vacinas”, diz trecho do depoimento de Bolsonaro.
Aos delegados Bolsonaro também disse não acreditar que Cid tenha “arquitetado a inserção de dados falsos” no sistema de vacinação do Ministério da Saúde, embora também tenha dito que não faz ideia de quem possa ter cometido fraude.
Além disso, o ex-presidente foi questionado sobre sua participação nos atos antidemocráticos. Ele negou que tenha incentivado qualquer ato subversivo, assim como Cid, “militar disciplinado e que jamais compactuaria” com os ataques.