Mauro Cid e o pai prestam depoimento à PF sobre nova joia de Bolsonaro
A PF apura se a joia cravejada de pedras preciosas foi dada a Bolsonaro por autoridades do Oriente Médio e negociada de forma irregular
atualizado
Compartilhar notícia
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, e o pai dele, o general da reserva Mauro Lourena Cid, prestam novo depoimento à Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (18/6), às 15h. Embora as oitivas ocorram no mesmo horário, pai e filho falarão com os investigadores em locais e cidades diferentes.
Mauro Cid vai até a sede da PF em Brasília. Já o pai dele será ouvido no Serviço de Inteligência da PF do Rio de Janeiro, onde o general mora.
Os dois serão questionados pela PF sobre a negociação de uma nova joia por emissários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A descoberta foi feita durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão realizado pela corporação no exterior, em conjunto com o FBI. Suspeita-se que o item também tenha sido um presente recebido por Bolsonaro durante o mandato como presidente da República, do qual ele teria se apropriado ilegalmente.
O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, afirmou, em 11 de junho, que “houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior”, o que, para a corporação, robustece as investigações em andamento, que devem ser finalizadas em julho.
A PF apura se a joia cravejada de pedras preciosas foi dada ao então presidente Jair Bolsonaro por autoridades do Oriente Médio.
Mandados de intimação
Os mandados de intimação para pai e filho foram enviados pela PF em 12 de junho e ressaltam que eles foram convocados para depor no inquérito que apura o caso das joias sauditas comercializadas por Bolsonaro.
“Em cumprimento à determinação de Fabio Alvarez Shor, delegado de Polícia Federal, no uso da atribuição a que lhe é conferida pelo art. 6º do Código de Processo Penal, determina ao policial federal a quem este couber que intime Mauro Cesar Barbosa Cid a fim de prestar esclarecimentos no interesse do caso supra indicado, devendo apresentar documento de identificação com foto”, diz o texto da intimação de Mauro Cid.
Mauro Cid, segundo interlocutores disseram à coluna de Igor Gadelha, deve repetir à PF o que já tem dito nos bastidores a aliados: que não tem conhecimento de uma suposta nova joia negociada de forma ilegal por emissários de Bolsonaro nos Estados Unidos.
Lucas 12:2
Em agosto do ano passado, a PF fez operação que atingiu nomes próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão relacionados a um esquema de venda de bens entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente.
Os investigadores da Polícia Federal deram o nome à operação de Lucas 12:2. O título faz referência ao seguinte trecho bíblico: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”. Nessa etapa, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o advogado da família do ex-presidente e um assessor de Bolsonaro.
Frederick Wassef, por sua vez, advogado da família Bolsonaro, entrou em ação após o caso do desvio de um kit contendo um relógio da marca Rolex. Ele chegou a ir aos Estados Unidos recuperar o item, que foi entregue a Cid. Já o tenente do Exército Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro, teria atuado tanto nas negociações dos conjuntos quanto na tentativa de recuperar os itens.