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Massacre em Suzano completa quatro anos nesta segunda-feira (13/3)

O massacre foi planejado por dois ex-alunos da escola Raul Brasil, em Suzano (SP), em março de 2019. Tragédia resultou na morte de 7 pessoas

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Fachada da escola de Suzano (SP) onde ocorreu o massacre há quatro anos atrás - Metrópoles
1 de 1 Fachada da escola de Suzano (SP) onde ocorreu o massacre há quatro anos atrás - Metrópoles - Foto: Reprodução/Google Street View

O massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), completa esta semana quatro anos. O crime resultou na morte de sete pessoas. Os autores, ex-alunos da instituição de ensino, se suicidaram após a tragédia. As pessoas que forneceram as armas de fogo aos criminosos chegaram a ser presas, condenadas e cumpriram penas de quatro anos, convertidas em prestação de serviços à comunidade.

O que se sabe por meio das investigações é que os responsáveis pelo massacre eram ativos em fóruns da internet, nos quais predominam discursos de ódio misóginos, supremacismo branco, bullying e nazismo. Esses discursos continuam reverberando entre a juventude. Muitos jovens, principalmente homens, frustrados por diversas razões, são cooptados para esses grupos violentos em fóruns da web.

De acordo com o psicanalista Christian Dunker, muitos deles veem na violência um meio de ligação com a ideia do homem viril e másculo.

“Isso vai aparecer infiltrado em muitas narrativas literárias, musicais e ritualísticas. Muitas têm a ver com ritos de passagem que definem o que é um homem. Muitas delas vão explorar essa ligação. ‘O que se espera de um homem mais masculino. É o seu potencial de violência.’ Seu potencial de exercer sua força e poder sobre um outro”, afirmou.

Redes sociais

Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e ativista feminista, é uma das vítimas de ameaças e difamação desses grupos e estuda profundamente o assunto há mais de 12 anos. Ela detalhou como funciona a cooptação desses jovens para os atos mais violentos em grupos das redes sociais.

Um relatório com diagnóstico desse tipo de violência nas escolas e possíveis soluções foi elaborado em dezembro de 2022, intitulado “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental.”

De acordo com o documento, no Brasil — desde a primeira década dos anos 2000 —, houve 16 ataques em escolas, dos quais quatro ocorreram no segundo semestre do ano passado, com 35 mortos e 72 feridos.

Esses números demonstram que é um problema que deve ser reconhecido pelo poder público, como destacou um dos coordenadores do relatório, o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara.

Ele acentuou que “o Brasil não assume que está sob estratégia organizada de grupos fascistas e neonazistas internacionais. O Brasil é alvo dessas organizações desde o início dos anos 2000. O primeiro passo é reconhecer o problema”, alertou.

Daniel acrescentou que o relatório propõe a adoção de algumas medidas urgentes e que, inclusive, deram resultados em países escandinavos, como, por exemplo, a identificação e o isolamento dos estudantes cooptados por grupos neonazistas.

Debate nas escolas

Outra ideia compartilhada entre Daniel Cara e Lola Aronovich é a de levar a debate sobre o discurso do ódio para dentro do espaço escolar.

Lola explica a importância disso: “A gente tem que falar sobre isso dentro das escolas, porque, se não, fica muito fácil para esses recrutadores do ódio pegarem menores de idade numa plataforma de games sem discurso de ódio e, pouco a pouco, eles vão sendo fisgados pelo [discurso] do ódio”.

Em fevereiro deste ano, o governo federal criou um Grupo de Trabalho (GT) para discutir formas de combater os discursos de ódio com representantes da sociedade civil. Dunker e Lola fazem parte desse grupo, que terá 180 dias, com possibilidade de prorrogação, para produzir um relatório com diagnóstico e propostas.

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