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Marun: Temer não tem “preocupação com delação de amigos presos”

O dirigente da Secretaria de Governo também disse que não considera a possibilidade de uma terceira denúncia contra o presidente

atualizado

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Posse Carlos Marun
1 de 1 Posse Carlos Marun - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, tentou minimizar rumores da possibilidade de a Procuradoria-Geral da República apresentar uma terceira denúncia contra o presidente Michel Temer e afirmou que “se existe respeito à Constituição Federal nesse país e entendemos que ainda deve existir, o presidente não será denunciado”, disse. “Não trabalhamos com hipótese de terceira denúncia, até porque ela seria totalmente inconstitucional”, afirmou. Marun falou ainda que Temer não tem “nenhuma” preocupação com a possibilidade de seus amigos que foram presos fazerem uma delação premiada. “Ele está absolutamente tranquilo”, afirmou.

“O presidente tem um cabedal de realizações que começa a preocupar aqueles que não veem com felicidade que ele fique à frente do governo”, disse. Marun, que decidiu vir para Brasília de última hora devido à crise instalada por conta da Operação Skala, disse que encontrou o presidente até mais tranquilo do que imaginava, mas que obviamente ele não estava feliz com as prisões de hoje. “São pessoas com quem ele tem um relacionamento, claro que ele não está feliz”, disse.

O ministro — tido como um das tropas de choque do presidente e defensor de sua candidatura à reeleição — disse que a operação de hoje “não inviabiliza a candidatura” de Temer. “Se houver imparcialidade, respeito à lei, o presidente será inocentado ao final dessas investigações. Agora, se busca coisa de 15, 20 anos atrás porque não encontraram no tal inquérito dos portos”, afirmou. “Isso pode até ser transformado em um ponto favorável no caso de o presidente vir a ser realmente o nosso candidato”, completou.

O ministro disse ainda que não saberia avaliar quem se beneficiaria com essa crise. “Tem gente que gosta de fazer com que crises venham para cá. A capacidade de um governo não se encontra na inexistência de problemas, encontra-se na capacidade de superá-los. Já superamos muitos e vamos vencer mais este”, admitiu Marun.

Autoritarismo inconsequente
Marun afirmou que a atitude tomada hoje pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de decretar a prisão de José Yunes, do ex-ministro Wagner Rossi e do coronel Lima, para colher depoimentos é uma “situação que se constitui um absurdo”. “E em muito nos preocupa”, disse, após ajustar com o presidente Michel Temer a reação do Planalto à Operação Skala. “Eu estou muito preocupado, independentemente de quem seja o presidente da República, de quem esteja no exercício de funções A ou B, com essa escalada de um autoritarismo inconsequente”, afirmou.

A Constituição precisa ser respeitada, disse Marun, e ressaltou que o presidente não pode ser denunciado por fatos anteriores ao seu mandato. “O Brasil foi sequestrado pelo corporativismo”, disse. O ministro falou que a operação de hoje mostra que há “um complô” e que os “canhões da conspiração” tentam inviabilizar a candidatura do presidente à reeleição, tentou evitar críticas mais duras em direção à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mesmo tendo ela sido a responsável pelo pedido de prisão a Barroso. “Eu entendo que o MP tem um papel acusador, existe para isso. Na verdade, penso que caberia ao judiciário ao que se está posto na nossa Constituição”, disse

Marun citou ainda que é DNA do Ministério Público o viés acusatório, mas disse que a atual procuradora age de forma distinta do ex-PGR Rodrigo Janot, que apresentou duas denúncias contra Temer. “Ela toma uma decisão referente a pessoas e fatos anteriores ao decreto. É o DNA do Ministério Público o viés acusatório. Por isso, existe Judiciário. E o Judiciário e o MP não podem andar mancomunados. O MP é parte acusatória. Ela atuou e não vejo na doutora Raquel aquele mesmo viés (de Janot) de alguém de dentro do gabinete recebendo dinheiro para orientar gravações”, afirmou, em referência ao ex-procurador Marcelo Miller, que auxiliou a delação de Joesley Batista. “Temos a convicção de que a procuradora Raquel tem outro nível e tem responsabilidade”.

O ministro criticou as investigações e afirmou que entende que toda essa situação “faz parte de um enredo de um complô”. “Tenho absoluta desconfiança de prisões que acontecem na véspera de feriados”, afirmou.

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