Marido agia como deputado no lugar de Flordelis, diz delegada
Depoimento foi dado no julgamento, nesta terça (12/4), de quatro acusados por crimes como o assassinato do pastor Anderson do Carmo
atualizado
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Rio de Janeiro – “Ele era o deputado, o articulador dentro do parlamento e nas eleições municipais”, afirmou a delegada Bárbara Lomba, que comandou as investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo, assassinado a tiros em 2019. Segundo ela, ele exercia o “mandato” no lugar da mulher, a deputada federal cassada Flordelis dos Santos de Souza.
Quatro acusados de envolvimento no crime são julgados no 3º Tribunal do Júri, em Niterói, região metropolitana, nesta terça-feira (12/4). O quinto réu, André Luiz de Oliveira, filho afetivo da pastora, será julgado em nova data. Ele não participa porque seu advogado passou mal.
“A Flordelis não tinha controle de mais nada, só da remuneração dela como parlamentar. Há evidência de que as questões políticas eram tratadas com ele e não com o ela”, declarou Bárbara, da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
A administração com mão de ferro do patrimônio da família é uma das hipóteses que justificam o assassinato do pastor envolvendo membros da família. Dois filhos de Flordelis já foram condenados. A pastora e outras três rés serão julgadas no próximo dia 9 de maio.
“O Anderson multiplica as áreas de atuação da Flordelis, tudo com a imagem dela de adotar muitas crianças e na questão religiosa. O Anderson transforma a Flordelis em cantora gospel. Ele comandava, Flordelis já não decidia nada”, explicou Bárbara.
O julgamento começou com quase três horas de atraso. A delegada presta depoimento desde 11h10.
Os acusados
André Luiz de Oliveira e Carlos Ubiraci Francisco da Silva, filhos afetivos de Flordelis, são acusados de terem participado de ao menos seis planos (frustrados) de envenenamento do pastor Anderson, segundo o Ministério Público, até o assassinato. Eles respondem diretamente pelo homicídio.
De acordo com as investigações, Adriano dos Santos Rodrigues, filho biológico da pastora, é apontado como o responsável por repassar a Flordelis uma carta fraudada na qual Lucas Cézar dos Santos assumiria que tinha atirado no pastor a mando de dois irmãos.
Adriano é acusado de ter buscado a correspondência com Andrea Santos Maia, esposa do ex-policial militar Marcos Siqueira, que estava preso com Lucas, no presídio Bandeira Stampa, no Complexo de Gericinó. No mesmo local, encontravam-se detidos Flávio dos Santo Rodrigues, já condenado, e o ex-PM Marcos Siqueira, que cumpre pena por uma chacina ocorrida em março de 2005, na Baixada Fluminense.
Flordelis teria pago R$ 2 mil pela elaboração da carta em depósito na conta de filho de Andrea. Adriano, Andrea e Marcos não respondem pelo homicídio, mas por outros crimes como associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.