“Marcinho VP deu entrevistas, Lula não pode?”, questiona Gleisi
Além de criticar a decisão da juíza Carolina Moura Lebbos, a presidente do PT criticou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge
atualizado
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A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, criticou nessa quarta-feira (11/7), na sede do partido em Pernambuco, a juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba. A magistrada proibiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato, de participar de entrevistas e da convenção da sigla.
A senadora disse lamentar a decisão porque “até Marcinho VP, traficante, deu entrevistas”. Gleisi acusou o Judiciário de transformar o Brasil em uma “republiqueta de bananas”.
“Um criminoso deu entrevistas, o presidente Lula, a maior liderança popular desse país que está com seus direitos políticos preservados não pode dar entrevistas? É uma injustiça atrás da outra, mas o povo não vai abandonar ele. Essa perseguição política está ficando feio para o Brasil no mundo. As pessoas olham e dizem: republiqueta de bananas que não tem uma democracia forte e não respeita suas instituições”, disparou a parlamentar.
Gleisi também criticou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por acusar o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) Rogério Favreto de prevaricação ao conceder habeas corpus ao ex-presidente petista enquanto o magistrado estava de plantão do domingo passado (8).
“[Sérgio] Moro não prevaricou impedindo o cumprimento da sentença pela Polícia Federal? Não observando o devido processo legal? Em que país estamos vivendo?”, questionou a dirigente nacional do PT.
Aliança
Durante quatro horas, Gleisi esteve reunida com a cúpula petista em Pernambuco para conversar sobre o futuro do partido nas eleições 2018. No estado, a legenda se divide entre lançar candidatura própria, da vereadora Marília Arraes, ou compor a chapa do governador Paulo Câmara, postulante à reeleição. De acordo com a senadora, as conversas com os pessebistas continuam, mas não há avanços.
Gleisi também discutiu sobre o calendário de atos em defesa de Lula que deve culminar com o registro da candidatura do ex-presidente no dia 15 de agosto, em Brasília. O senador Humberto Costa (PT), um dos maiores entusiastas da aliança com a Câmara, não participou do encontro. Segundo sua assessoria de imprensa, ele teve “agenda parlamentar” na capital federal.
“O PSB precisa de tempo para fazer uma construção política interna que não fragilize a legenda. Nós temos um processo de construção das nossas decisões e obviamente queremos sair fortalecidos. Se não der aliança, aqui temos nossa candidatura própria, vamos fazer campanha e defender Lula”, declarou a presidente do PT.
Com pouco tempo até as convenções, de 20 de julho a 5 de agosto, conforme a legislação eleitoral, Gleisi recomendou que o diretório pernambucano se dedique a apresentar “de maneira mais rápida” os pré-candidatos a deputados estadual e federal.
Pelas contas do presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, cerca de 45 nomes vão disputar vagas nas duas casas – o partido não tem representante de Pernambuco na Câmara. “É preciso também fechar e mostrar o programa de governo. Se fizermos a aliança, vamos apresentar à coligação. Se não fizermos, vamos caminhar em cima dele”, disse.
Maior interessado na chapa com o PT, o governador do estado e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, volta a se encontrar com Gleisi nesta quinta-feira (12) no Palácio do Campo das Princesas. De acordo com a vereadora do Recife e pré-candidata ao governo pernambucano, Marília Arraes, a conversa com a senadora “foi muito tranquila”. Sobre a possibilidade de aliança com a Câmara, Marília foi taxativa: “Não vou ser incoerente com o que defendo, ela sabe muito bem disso”.