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Marçal: projeção nacional ou fenômeno local? O que dizem especialistas

Envolto em polêmicas, Pablo Marçal atrai atenção para si, com grande poderio digital, e gera dúvida: essa ascensão já extrapola São Paulo?

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bilionário Pablo Marçal candidato a prefeito de SP pelo PRTB chega à sede da Band
1 de 1 bilionário Pablo Marçal candidato a prefeito de SP pelo PRTB chega à sede da Band - Foto: Reprodução

As duas primeiras semanas de campanha eleitoral foram marcadas por um certo domínio de Pablo Marçal (PRTB), tanto nas polêmicas e acusações – repercutidas nas redes sociais e no noticiário -, quanto no aumento dos números nas pesquisas de intenção de voto.

A ascensão vivida por ele, nesse curto espaço de tempo, gera questionamentos sobre o real poder político da figura Marçal – especialmente na extrema direita, a ponto de ameaçar a soberania da família Bolsonaro – e o quanto ele seria capaz de gerar interesse fora do seu atual ambiente de disputa.

Natural de Goiânia (GO) e alvo de acusações, com histórico de prisão e processo judicial, ele concorre à prefeitura de São Paulo, com chances reais de chegar ao segundo turno. Esta é a primeira vez que o empresário e ex-coach, dono de uma fortuna de quase R$ 170 milhões, disputa um cargo majoritário.

Considerado um candidato “sem freio” por especialistas, Marçal tem atraído a atenção pelo estilo radical nos debates – mais até que do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, pelas acusações e xingamentos feitos aos adversários, e os escândalos envolvendo o seu passado e figuras do partido.

Todo esse leque de elementos gera um engajamento inevitável. Os números sugerem que o político pode extrapolar os limites de São Paulo e conquistar certa influência em outros locais do país. Em cinco dias, ele acumulou 3,6 milhões de seguidores no novo perfil do Instagram, após decisão judicial que suspendeu o perfil anterior.

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Pablo Marçal foi acusado por ex-participante de reality show
Gayer pacificou relação entre Marçal e Bolsonaro na eleição em SP
Lideram: Nunes, Boulos e Marçal estão em empate técnico
Pablo Marçal (esq.) e Guilherme Boulos, candidatos à Prefeitura de SP
Pablo Marçal durante entrevista coletiva após o debate da Band em São Paulo
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Comparação de imagens do candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB).

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Pablo Marçal foi acusado por ex-participante de reality show

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Gayer pacificou relação entre Marçal e Bolsonaro na eleição em SP

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Lideram: Nunes, Boulos e Marçal estão em empate técnico

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Pablo Marçal (esq.) e Guilherme Boulos, candidatos à Prefeitura de SP

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Pablo Marçal durante entrevista coletiva após o debate da Band em São Paulo

Renato Pizzutto/Band
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Pablo Marçal durante escalada no Pico dos Marins

Redes sociais/Reprodução

O que dizem especialistas

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles reconhecem o crescimento político de Marçal, mas ponderam quanto a uma possível ascensão a nível nacional. Isso, segundo eles, dependeria de vários fatores.

Para Cláudio Couto, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Pablo Marçal surge como suposta figura no cenário nacional quando ele passa a ser visto como potencial substituto do ex-presidente, especialmente junto ao eleitorado da extrema direita.

Fora isso, a troca de farpas entre ele e integrantes do clã Bolsonaro, antes da aproximação que marcou os últimos dias, o colocaram ainda mais em evidência. “Ele é uma figura que assusta a família [do ex-presidente]”, aponta Couto.

Vale lembrar que o ex-presidente está inelegível e existe, hoje, uma disputa na direita entre governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ronaldo Caiado (União), Romeu Zema (Novo) e familiares de Bolsonaro para ver quem herda o eleitorado. “Quando uma figura como Marçal entra em cena, ela embola o jogo”, diz Couto.

Presença forte nas redes

Um ponto forte do candidato, na visão do especialista, é o domínio que ele tem das plataformas digitais e como ele consegue atrair a atenção do público para si. Marçal, nesse sentido, seria não apenas o produto, mas também o produtor do conteúdo, com ampla experiência na influência digital.

“Ele tem um grau de sofisticação muito maior do que os outros no aspecto da campanha digital. Marçal consegue transformar a eleição inteira em um circo. Ele produziu um terremoto na campanha de São Paulo, a ponto de as pessoas se perguntarem o que será o Pablo Marçal daqui dois anos, quando teremos eleição presidencial”, diz Couto.

A definição dele como uma liderança futura, para além de São Paulo, no entanto, dependerá de algumas questões, na visão do cientista político. Fora o desempenho na eleição atual, cuja campanha está em curso e muita coisa pode mudar, existe ainda o aspecto judicial.

Limitadores de Marçal

Marçal é alvo de acusações no âmbito da Justiça Eleitoral, com suspeita de abuso de poder econômico e uso indevido das redes sociais. Isso pode gerar um revés importante, a ponto de colocar a candidatura dele em risco.

Outro ponto citado por Cláudio Couto tem a ver com a questão partidária. Na visão dele, uma coisa é o Marçal sem freio e com total liberdade em um partido pequeno como o PRTB, que sequer tem tempo de TV e rádio. Outra coisa seria ele em um partido maior, com outras lideranças já estabelecidas e onde ele teria de seguir certa cartilha para se encaixar.

O professor universitário e cientista político Rui Tavares Maluf também aponta a questão judicial como possível complicador dos interesses de Marçal, mas cita, também, o teto eleitoral de uma figura como ele.

Ao mesmo tempo em que o reacionarismo atinge e conquista uma parcela grande do eleitorado, essa estratégia também espanta e gera rejeição em outra parte importante. Couto e Maluf acreditam que Marçal teria dificuldades de atrair a maioria dos votos em um eventual segundo turno, em São Paulo.

“Existe uma parcela da sociedade, não só no Brasil, mas em todo o mundo ocidental, devido às características de desenvolvimento social e econômico, – em torno de um terço da população – que tem uma mentalidade que avaliza as coisas mais absurdas, do ponto de vista ético. Sempre teve na sociedade uma parte que oscila muito entre o que poderia ser aceitável e o que é criminoso. E quando você tem uma figura como Pablo Marçal, que não tem freio ou, pelo menos, não se mostrou até agora, essa gente se sente representada”, expõe Maluf.

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O que dizem os números

Em termos numéricos, as buscas pelo nome de Pablo Marçal no Google ultrapassam, e muito, os índices registrados pelos demais candidatos em São Paulo. Fora isso, os dados do Google Trends, ferramenta que mostra o que as pessoas estão buscando em tempo real, sugerem certo interesse em outras partes do país.

O pico de pesquisas sobre ele, nos últimos 30 dias, ocorreu em três datas específicas: no dia 9 de agosto, quando ele participou do primeiro debate, televisionado pela Band; 25 de agosto, um dia após o bloqueio judicial do perfil dele no Instagram; e dia 27 de agosto, um dia após as entrevistas concedidas à CNN e à GloboNews.

Entre os estados, os que registraram maiores índices de pesquisa foram: São Paulo, em primeiro lugar, seguido por Goiás, estado de origem de Marçal, Distrito Federal, Tocantins e Mato Grosso do Sul. No comparativo entre as cidades, apenas três, entre as 15 primeiras, ficam fora do estado paulista: Goiânia (GO), Balneário Camboriú (SC) e Palmas (TO).

Do ponto de vista qualitativo, no entanto, os números expressivos são respaldos por polêmicas. Entre os assuntos e pesquisas relacionadas ao nome dele, aparecem entre os primeiros colocados os seguintes tópicos: Primeiro Comando da Capital (PCC), debate na Band, bloqueio da rede social, “cocaína – droga”, “Pablo Marçal carteira de trabalho”, “Carlos Bolsonaro” e a vice Antônia de Jesus.

“De uma semana para cá, aumentou muito o conjunto de investigações contra a figura dele. Podemos admitir que nas próximas semanas, com horário eleitoral, muita coisa vai acontecer. Dificilmente, a situação dele se sustentará até o final da campanha, mas dependerá muito de como o cenário será protagonizado pelos demais candidatos, pelo próprio Marçal e pelas autoridades constituídas”, aponta Rui Tavares Maluf.

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