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MapBiomas: 77% do garimpo na Amazônia se encontra perto da água

Levantamento aponta que áreas de extração de minério estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água, como rios, lagos e igarapés

atualizado

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imagem colorida de operações contra o garimpo ilegal em cidades da amazônia
1 de 1 imagem colorida de operações contra o garimpo ilegal em cidades da amazônia - Foto: Divulgação/PF

Levantamento realizado pelo MapBiomas divulgado nesta quinta-feira (18/4) aponta que 77% das áreas de garimpo na Amazônia estão a cerca de 500 metros de rios, lagos e igarapés. Os dados fazem parte da Coleção 8 de mapas da organização do terceiro setor sobre cobertura e uso da terra no Brasil.

Ainda de acordo com o estudo, a Amazônia concentrava, em 2022, 92% de toda área de garimpo do Brasil, com 241 mil hectares explorados.

“A proximidade do garimpo aos cursos d’água constitui o DNA da atividade de extração garimpeira na Amazônia, especialmente do ouro, que está quase sempre atrelado aos rios e seus depósitos aluvionares. É uma das características de alto risco, ambiental e social, que essa atividade oferece ao bioma”, explica Cesar Diniz, da Solved, e coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.

Cesar Diniz reforça o risco de contaminação dos rios e igarapés, em decorrência do uso de metais pesados para separação dos mineiros de resíduos, como lama.

“Enquanto o desmatamento fica circunscrito à área garimpada, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores”, pontua Cesar Diniz.

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De toda área garimpada na Amazônia, 10% está concentrada dentro de terras indígenas, correspondendo a aproximadamente 25,1 mil hectares. Os territórios com maior concentração pertencem aos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami.

Área garimpada nas terras indígenas:

  • Kayapó: 13,79 mil hectares
  • Munduruku: 5,46 mil hectares
  • Yanomami: 3,27 mil hectares

“As terras indígenas são as áreas mais preservadas da Amazônia. Ainda assim, no seu interior, a concentração de garimpos próximo aos cursos d’água é extremamente preocupante, uma vez que populações indígenas e ribeirinhas usam quase que exclusivamente dos rios e lagos para sua subsistência alimentar”, destaca o coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.

Cesar Diniz lembra dos riscos para a saúde das populações que vivem ao lado de rios e igarapés por causa da presença de garimpeiros. “A contaminação de rios e lagos representa, para ribeirinhos e indígenas, a fome, a sede e graves riscos à saúde destas comunidades, todos muito mais graves nas fases iniciais da vida.”

O MapBiomas é uma iniciativa que conta com universidades, membros da sociedade civil e empresas de tecnologia. Os trabalhos desenvolvidos têm como objetivo monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil.

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