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Mapa da Fome: 230 mil casas na cidade do Rio estão com pratos vazios

O levantamento ainda mostra que cerca de 2 milhões de cariocas vivem com algum grau de insegurança alimentar: leve, moderada ou grave (fome)

atualizado

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Imagem ilustrativa de geladeira vazia durante a pandemia de coronavírus no Brasil - Metrópoles
1 de 1 Imagem ilustrativa de geladeira vazia durante a pandemia de coronavírus no Brasil - Metrópoles - Foto: Felipe Nyland/picture alliance via Getty Images

Um levantamento inédito mostra que dos 2,92 milhões de domicílios da cidade do Rio de Janeiro, ao menos 230 mil estão em situação de insegurança alimentar grave — ou seja, passam fome —, o que corresponde a 7,9% das casas na capital fluminense.

Além disso, cerca de 2 milhões de cariocas convivem com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave). Esse número equivale a quase um terço da população da cidade do Rio.

Os dados estão presentes no I Inquérito sobre a Insegurança Alimentar no Município do Rio de Janeiro – o Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro, divulgado nesta quarta-feira (29/5).

Para concluir o mapa sobre a segurança e a insegurança alimentar no Rio, os pesquisadores realizaram entrevistas em dois mil domicílios das cinco Áreas de Planejamento (APs) da capital, entre novembro de 2023 e janeiro de 2024.

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Abandonada, a comunidade indígena Warao Coromoto enfrenta fome e doenças
Os poucos alimentos disponíveis são cozidos na lenha
Fome
A comunidade elaborou um projeto para conquistar a independência econômica
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Luana e Claiton sonham com a regularização da região

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Abandonada, a comunidade indígena Warao Coromoto enfrenta fome e doenças

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A comunidade elaborou um projeto para conquistar a independência econômica

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Os índices de segurança e de insegurança alimentar medidos no Rio de Janeiro seguiram a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), também utilizada em pesquisas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual de fome (7,9%) no município é quase o dobro do contingente nacional presente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), que registrou 4,1% dos domicílios brasileiros nessa situação. Enquanto isso, esse dado é de 3,1% no estado do RJ.

Fome é maior em casas chefiadas por negros e por mulheres

O levantamento identifica que a fome (insegurança alimentar grave) é maior em lares chefiados por pessoas negras, o que corresponde a 9,5% das casas de famílias negras cariocas. Em comparação, esse número é de 4,2% em domicílios liderados por brancos.

No recorte por gênero, esse percentual também é significativo em domicílios em que mulheres são responsáveis pela renda da casa — totalizando 8,3% de residências chefiadas por mulheres na cidade do Rio de Janeiro.

A insegurança alimentar, de acordo com o Mapa da Fome, afeta:

  • 16,6% das famílias lideradas por pessoas com escolaridade baixa
  • 18,3% das casas onde o responsável está desempregado
  • 34,7% dos domicílios com renda per capita mais baixa

Desigualdade demográfica no Rio

O levantamento revela que o acesso à alimentação adequada ocorre de forma desigual na geografia da capital fluminense.

Das cinco Áreas de Planejamento, a AP 3 (que engloba a zona norte, sem a Grande Tijuca) tem mais pessoas em situação de insegurança alimentar grave, compreendendo 10,1% das casas da cidade do Rio de Janeiro que estão em um cenário de fome.

Insegurança hídrica

Outro fator apresentado pelo levantamento é a insegurança hídrica da população carioca. Segundo a pesquisa, 15% dos domicílios não têm fornecimento regular de água ou sofrem com a falta de água potável (equivalente a 438 mil casas).

As regiões mais afetadas pela escassez de recursos hídricos, ainda conforme o estudo, são a Área de Planejamento 1 (Centro do Rio), com 24,3% de residências, e a Área de Planejamento 3 (zona norte sem a Grande Tijuca), com 21,7% de domicílios.

No recorte do nível de segurança e de insegurança alimentar, 27% dessas famílias que apresentam insegurança hídrica passam fome.

Parceria da Câmara Municipal do RJ com a UFRJ

O levantamento inédito é fruto de parceria entre a Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro, da Câmara Municipal, e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Os resultados apresentados por esse mapa indicam os caminhos que devemos seguir para reduzir a fome e garantir alimentação saudável e adequada para as famílias cariocas”, explica Rosana Salles-Costa, professora e pesquisadora do INJC/UFRJ.

Para o vereador Dr. Marcos Paulo (PT-RJ), presidente da Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria, os dados apresentados são “muito preocupantes”. Ele destaca que os números têm cara. “Basicamente são mulheres negras, com filhos menores de idade, que estão desempregadas ou na informalidade, que não têm instrução. Então, isso nos preocupa”.

O vereador afirma que a pesquisa servirá de base para fornecer “critérios técnicos para a implementação de políticas públicas e auxiliar na ampliação dos restaurantes populares, cozinhas comunitárias, banco de alimentos e demais instalações de programas de segurança alimentar. “Queremos que essa iniciativa inédita seja exemplo para todas as casas legislativas do país”, destaca.

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