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Manto tupinambá chega ao Brasil após três séculos na Dinamarca

A relíquia considerada sagrada deve compor o acervo do Museu Nacional que está em reconstrução após incêndio

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Museu Nacional da Dinamarca
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1 de 1 Imagem colorida de manto Tupinambá - Metrópoles - Foto: Museu Nacional da Dinamarca

O manto do povo Tupinambá chegou ao Brasil, na última semana, após passar três séculos em Copenhague, Dinamarca. É esperado que a peça integre o acervo do Museu Nacional, que sofreu um incêndio em 2018.

A peça, de 1,2 metro de comprimento, é feita com penas vermelhas de pássaros guarás fixadas em uma rede de fibras naturais e é usada tradicionalmente por caciques e líderes indígenas em rituais.

O manto está desde 1689 sob a guarda do Museu Nacional da Dinamarca e chega ao Brasil depois de dois anos de negociação entre o Museu Nacional brasileiro, a Embaixada do Brasil na Dinamarca, o Itamaraty e líderes indígenas brasileiros como Glicéria Tupinambá, Valdelice Tupinambá e Cacique Babau.

Desde 2000 o povo Tupinambá clama pelo retorno do manto ao Brasil. Naquele ano, o objeto foi exposto na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo, mas somente em julho de 2023 que a Dinamarca atendeu ao pedido. A escolha do Museu Nacional se dá pela boa relação que a instituição possui com os Tupinambás.

Segundo o que Glicéria Jesus da Silva, artista plástica e uma das líderes dos Tupinambá, disse à Folha de S.Paulo, trata-se de um movimento muito significativo para a história do povo indígena brasileiro.

“A chegada do manto ao solo brasileiro tem um significado muito importante e vai fortalecer a luta dos povos indígenas. Essa é uma peça sagrada para o nosso povo, carrega nossa ancestralidade”, diz Glicéria Jesus da Silva.

É esperado que o manto seja apresentado pelo Museu Nacional em um evento no final de agosto, que contará com a presença de autoridades e de líderes indígenas.

O manto chegou ao Brasil em sigilo por questões de segurança e, também, devido a uma cláusulas do contrato de doação assinado com os dinamarqueses. Agora a peça passa pelo processo de desinfestação pela técnica chamada de anóxia atmosférica, a qual envolve o artefato em uma espécie de vácuo.

“O manto precisa de cuidados religiosos e ainda não conseguimos prestar os rituais do nosso povo para esse ancestral. É uma peça sagrada, não é uma obra de arte”, conclui Glicéria.

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