Manifestantes protestam nas proximidades do Museu Nacional do RJ
Local, alvo de incêndio no domingo (2/9), guardava acervo de história natural, considerado o maior da América Latina
atualizado
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Um protesto de indignação e solidariedade, após o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, reuniu uma multidão na porta da Quinta da Boa Vista na manhã desta segunda-feira (3/9). Com críticas ao poder público de modo geral e ao governo federal, o ato apontou descaso com a história do Brasil, com a ciência e instituições públicas de ensino e pesquisa.
Os manifestantes começaram a chegar pouco depois das 9h, mas foram impedidos de entrar na Quinta da Boa Vista por guardas municipais. O museu, que foi a residência da Família Real durante o Império, fica dentro do parque. O local guardava um acervo de história natural, considerado o maior da América Latina, além de peças de importância antropológica vindas de diversas partes do mundo.
O protesto continuou do lado de fora do portão e houve momentos em que os manifestantes tentaram entrar, quando os portões tinham de ser abertos para a passagem de veículos. Em ao menos um desses momentos, houve uso de spray de pimenta, e o clima ficou tenso.
A servidora e pesquisadora da Fiocruz Márcia Valéria Morosini foi ao ato prestar solidariedade aos funcionários do museu e defendeu a liberação da entrada, porque o protesto era um gesto de abraço.
“Todos nós, brasileiros, tínhamos de estar aqui. O que se perdeu hoje é muito representativo e é muito simbólico das perdas acumuladas para a ciência do Brasil” , disse ela. “Perdemos uma memória do mundo. Nós éramos guardiões de uma parte da memória da humanidade.”
A estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Vitória Barbosa, de 18 anos, conta que foi ao protesto se manifestar contra o descaso com a universidade pública no Brasil. O museu é admistrado pela universidade, que teve registros de incêndio em prédios importantes nos últimos anos. “Vim protestar tanto pela universidade quanto por todos os espaços públicos de cultura e educação.”
O pró-reitor de graduação da UFRJ, Eduardo Serra, negociou com a Guarda Municipal para os manifestantes entrarem na área da Quinta da Boa Vista. Segundo Serra, a entrada dos manifestantes será liberada depois que o museu for cercado por grades. Isso deve ocorrer nas próximas horas.
Os portões da Quinta da Boa Vista foram fechados pelas equipes da Guarda Municipal, nesta manhã, por medida de segurança, para evitar tumultos e prevenir acidentes. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil permanecem trabalhando no local, onde ainda há riscos. Cerca de 400 pessoas, incluindo servidores, estudantes e manifestantes, que já estavam no parque permanecem no espaço, mas estão sendo orientadas a ficarem afastadas do prédio.