Mangueira levará para Sapucaí samba que homenageia Marielle Franco
Neste domingo (14/10) completam-se sete meses da morte da vereadora. Crime segue sem solução
atualizado
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A Estação Primeira de Mangueira escolheu na noite de sábado (13/10) o samba-enredo que irá apresentar na Marquês de Sapucaí em 2019. A letra propõe homenagear a vereadora Marielle Franco, morta a tiros em um atentado ocorrido no dia 14 de março, no centro do Rio de Janeiro.
Neste domingo (14/10), completam-se sete meses da morte da vereadora e de seu motorista Anderson Pedro Gomes. As investigações, no entanto, ainda chegaram aos criminosos.
De autoria de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino, a letra pede respeito a luta das mulheres e exalta a vida da vereadora. “Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês”, diz o samba.
É também um manifesto contra o racismo, a misoginia e contra valores autoritários. “Salve os caboclos de julho. Quem foi de aço nos anos de chumbo”.
Um dos autores do samba, Tomaz Miranda comemorou a escolha nas redes sociais neste domingo: “Fomos campeões na Mangueira. Pela memória de Marielle e Anderson e toda luta que ainda virá. São verde e rosa as multidões”, disse em postagem no Facebook.
Confira a letra:
Brasil, meu nego deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou desde 1500.
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, Tamoios, Mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
Ta cara é de Cariri
Não veio do céu nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês.
Mangueira, tira a poeira dos porões
Abre alas pros teus herói de barracões do Brasil
Que se faz um país de Lecis, Jamelões
São verde-e-rosa as multidões