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Mandante de execução para não pagar dívida queria matar mais 3, diz PC

Fazendeiro Renato de Souza é apontado como mandante da morte de Wellington Freitas em Rio Verde (GO) para não pagar dívida milionária

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Corretor Wellington Freitas foi encontrado carbonizado perto de fazenda que comprou em Rio Verde, Goiás
1 de 1 Corretor Wellington Freitas foi encontrado carbonizado perto de fazenda que comprou em Rio Verde, Goiás - Foto: Reprodução

Goiânia – De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PCGO), o fazendeiro Renato de Souza, apontado como o mandante do crime que vitimou o corretor de imóveis, Wellington Freitas, de 67 anos, mais conhecido como Eltinho, tinha a intenção de matar outras três pessoas. A descoberta foi feita pela corporação durante as investigações do caso, que aconteceu em Rio Verde, no sudoeste goiano, no último mês de junho.

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14/7), o delegado do Grupo de Invetigações de Homicídios (GIH), responsável pelo caso, Adelson Candeo, confirmou que a motivação do crime foi uma dívida de R$ 20 milhões do mandante para a vítima, que já estava judicializada. Segundo ele, a suspeita é de que ele também tinha débitos com as outras possíveis vítimas.

Renato de Souza e Eltinho, inclusive, eram amigos de longa data. Era comum que os dois e as respectivas famílias fossem vistos juntos em festas e eventos no município e na região, que tem fortes características agropecuárias.’

O inquérito do caso foi concluído. Quatro pessoas, incluindo o mandante, foram indiciados e estão presos na Casa de Prisão Povisório (CPP) de Rio Verde, três deles por homicídio triplamente qualificado e fraude processual.

Outras mortes

Segundo o delegado, Renato também tinha intenção de mandar matar outras três pessoas, que também seriam pessoas do setor agro e faziam negociações com a vítima. A suspeita é de que o fazendeiro tinha dívidas com as possíveis futuras vítimas. Ainda conforme a corporação, o executor de Eltinho não seria responsável pela morte das outras pessoas, já que eles se conheciam.

De acordo com Candeo, o homem contrataria executores na cidade de Barra do Garças (MT), para a realização dos homicídios. A situação foi revelada pelo matador de Eltinho, Rogério Oliveira.

À imprensa, o delegado disse ainda que os celulares da vítima e dos envolvidos não foram encontrados e, por isso, foi pedido à Justiça o desbloqueio das linhas telefônicas.

Prisões

Segundo a polícia, o mandante foi preso temporariamente na último dia 29/6, no município de Montividiu (GO), bem como o intermediário, que negociou o crime com o executor do corretor. Conforme decisão do juiz Ronny Wachtel, os dois também tiveram os passaportes recolhidos, além da suspensão de 120 dias do certificado que autoriza compra legal de armas de fogo e munições.

Investigações

Conforme PCGO, o executor foi preso em Rio Verde, no dia 22 de junho. Ele confessou ter matado o corretor a mando de um fazendeiro. Um outro homem que havia participado do homicídio foi preso no dia anterior, em Iporá (GO), por uma equipe da Polícia Militar.

Durante oitiva, o homem que foi contratado para matar Wellington contou detalhes do crime. Na ocasião, ele disse que trabalhou com o mandante, que o conhecida de longa data e que a ideia de matar a vítima surgiu após uma viagem a Itajá (GO), onde eles haviam cobrado uma dívida juntos.

Pela morte do corretor, o mandante ofereceu R$ 150 mil. Dias depois, o executor recebeu o telefonema do intermediário, dizendo que lhe prestaria todo o suporte necessário para cometer o delito.

No depoimento, o homem informou que foram feitos depósitos, via Pix em sua conta, e todos os detalhes sobre o crime foram passados pelo próprio mandante. O pagamento antecipado, conforme a polícia, totalizou R$ 69,5 mil. O restante seria repassado após a execução.

O crime

De acordo com a polícia, a vítima recebeu uma ligação do homem contratado para matá-la, simulando interesse em comprar uma fazenda. Logo em seguida, eles se encontraram em frente a uma agência bancária de Rio Verde e seguiram para a zona rural.

“No local, ele fez com que a vítima entrasse em um milharal e amarrou seu pescoço. Acreditando que a vítima estava morta, foi para um hotel, onde recebeu ligação telefônica de um intermediário dizendo que ele deveria terminar o serviço”, contou o delegado Adelson Candeo, do Grupo de Investigação de Homicídios de Rio Verde, durante coletiva de imprensa.

Diante disso, o executor voltou ao local do crime, jogou gasolina e ateou fogo no corpo da vítima, que estava inconsciente, mas ainda com vida, sendo morta em razão das queimaduras.

Amigos de longa data

De acordo com a polícia, Eltinho e o mandante de sua morte se conheciam há, pelo menos, 20 anos. Eles podem ser vistos em várias fotos de família, em comemorações, bebendo e conversando. A proximidade os levou a fazerem negócios juntos.

Um dos negócios foi a venda de uma propriedade rural no valor de R$ 200 milhões, que pertencia ao mandante. A comissão da venda, em valor de mercado, giraria em torno de R$ 20 milhões. No entanto, após a conclusão da venda, conforme a polícia, o suspeito não concordou em pagar tal valor e os dois combinaram em reduzir para R$ 8 milhões.

No entanto, nem esse valor o fazendeiro quis pagar ao amigo. Ele informou que pagaria R$ 4 milhões, que descontadas algumas taxas, cairia para R$ 3 milhões. Eltinho não concordou e acionou o amigo na Justiça. No processo, R$ 21 milhões das contas do mandante. “Isso fez com que nascesse uma inimizade onde antes havia uma grande amizade”, disse o delegado Adelson Candeo.

E foi justamente esse desacordo que levou o proprietário rural a encomendar a morte do corretor, conforme a investigação policial.

Além de preso, o mandante do crime foi autuado em flagrante pelo crime de porte ilegal de arma. As armas de fogo que estavam com ele foram apreendidas.

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