Malafaia: signatários de carta são “cínicos apoiadores de corruptos”
Carta lida nesta quinta na USP e em universidades de todo o país teve mais de 900 mil assinaturas e defende o sistema eleitoral brasileiro
atualizado
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“Palhaçada” assinada por “um bando de esquerdopatas” e “cínicos apoiadores de corruptos” apenas “para atingir o presidente Bolsonaro”. Foi com indignação e frases de efeito como essas que o pastor Silas Malafaia reagiu à leitura, por todo o Brasil, da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, uma iniciativa da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Um dos líderes religiosos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo divulgou vídeo na tarde desta quinta-feira (11/8) vociferando contra os mais de 925 mil brasileiros que assinaram o documento. Entre os signatários há diretores dos maiores bancos e empresas do país, políticos, entidades sindicais e cidadãos comuns.
“Carta da democracia uma ova!”, protestou Malafaia. “Um bando de esquerdopatas que assinaram a carta apoiam os maiores corruptos do país. É apenas uma carta de um bando de cínicos, de apoiadores de corruptos, que querem que eles voltem”, completou o religioso, que acompanhou o pensamento de Bolsonaro e atacou o sistema eleitoral brasileiro.
“Pedir eleições limpas e transparentes é contra a democracia? Um sistema eleitoral obsoleto”, criticou ele.
Veja a postagem:
Bolsonaro e a palhaçada da carta da democracia pic.twitter.com/tLpixrVBfB
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) August 11, 2022
O documento não menciona o nome do presidente Bolsonaro, mas faz críticas diretas à conduta do chefe de Estado brasileiro, com referências, por exemplo, às críticas feitas por ele ao processo eleitoral do país.
“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”, diz a carta da USP, lida em conjunto por integrantes da universidade.
Ao longo do ato na USP, os discursos recordaram a violência da ditadura no Brasil e defenderam o Estado Democrático de Direito, assim como a autonomia dos três Poderes: Legislativo, Judiciário e Executivo.
“Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz outro trecho da carta.