Tem mais gente morando em apartamentos, mas maioria ainda habita casas
De acordo com o Censo Demográfico 2022 do IBGE, 171,3 milhões de pessoas vivem em casas e cerca de 25 milhões residem em apartamentos
atualizado
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De 2010 a 2022, o número de moradores de apartamentos cresceu 4,1 pontos percentuais, passando de 8,5% para 12,5% da população do Brasil — cerca de 25 milhões. Porém, a maioria dos brasileiros (84,8%) ainda vive em casas, correspondendo a 171,3 milhões de pessoas.
Estas informações estão presentes no Censo Demográfico 2022: Características dos domicílios, divulgado nesta sexta-feira (23/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa analisou cinco elementos: forma de abastecimento de água, existência de canalização de água, existência de banheiro e sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo nas residências recenseadas no país.
Desde os anos 2000, o IBGE verificou uma tendência de elevação gradual no número de domicílios do tipo “apartamento” no país.
Confira:
Tal proporção de moradores de apartamento também cresceu em todas as regiões do Brasil, bem como em todas as unidades da federação (UF). No entanto, continua sendo minoritária nesse quesito quando comparada à proporção de casas.
Entre as UFs, a maior proporção de apartamentos recenseados fica no Distrito Federal (28,7%). Por outro lado, a maior proporção de casas está concentrada no Piauí (95,6%).
Apesar da expansão de apartamentos, esse tipo de residência predomina em apenas três municípios: Santos (SP), São Caetano do Sul (SP) e Balneário Camboriú (SC). Nas outras 5.567 cidades, as casas lideram a lista.
Número de moradores de apartamentos sobe, mas de casas e de cortiços cai
Com o crescimento de domicílios do tipo apartamento e casas de vila ou em condomínios, a proporção de moradores em casas caiu 4,6 pontos percentuais entre o Censo 2010 e o Censo 2022. Mesmo com essa queda, o número absoluto de casas ocupadas passou de 49,9 milhões (2010) para 59,6 milhões (2022).
A população residente em cortiços também sofreu redução proporcional entre os últimos censos. Nesse período, esse tipo de habitação, que compreendia 0,4% da população em 2010, passou a abrigar 0,2% em 2022.
Dados gerais do IBGE sobre domicílios:
- Casa de vila ou em condomínio: 2,4% da população (4,8 milhões pessoas)
- Casa e casa de vila ou em condomínio: 87,2% da população (177 milhões pessoas)
- Habitação em casa de cômodos ou cortiço: 0,2% da população (494 mil pessoas)
- Habitação indígena sem paredes ou maloca: menos de 0,1% da população (52 mil pessoas)
- Estrutura residencial permanente degradada ou inacabada: menos de 0,1% (81 mil pessoas)
Abastecimento e canalização de água
No Brasil, o tipo predominante de abastecimento de água da população é a “rede geral de distribuição”. Ao todo, 60,8 milhões de domicílios, onde habitam 167,5 milhões de pessoas, têm acesso à rede.
Tipos de abastecimento:
- 82,9% da população recorre ao abastecimento pela rede geral de distribuição
- 9% da população recorre ao abastecimento por poço profundo ou artesiano
- 3,2% da população recorre ao abastecimento por poço raso, freático ou cacimba
- 1,9% da população recorre ao abastecimento por fonte, nascente ou mina
Vale destacar que todas essas quatro formas de abastecimento de água são consideradas adequadas para fins de monitoramento do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
Apesar da baixa relevância nacional, o abastecimento por carro-pipa é a principal forma de recebimento de água no interior do Nordeste, sendo predominante em 68 municípios. Assim como, o abastecimento por água de chuva, que predomina em 21 cidades nordestinas.
Já o abastecimento por rios é mais comum na região Norte. Essa é a principal forma de acesso à água em 18 municípios, destes 17 são do Norte.
De acordo com o IBGE, em 69,3 milhões de domicílios, nos quais moram 192,3 milhões de pessoas (95,1% da população), a água chega “encanada até dentro de casa, apartamento ou habitação”.
Para 2,5% da população, essa distribuição vem “encanada, mas apenas no terreno”. Já nos outros 2,4% dos casos, a água não é encanada, ou seja, o abastecimento é feito por baldes, galões ou veículos.
A pesquisa identificou, nos últimos 12 anos, a queda no número de domicílios sem canalização e com canalização apenas no terreno.
Banheiros e saneamento básico
De 2010 a 2022, houve um crescimento de 5,5 pontos percentuais na situação de acesso a banheiros de uso exclusivo nos domicílios brasileiros. O número passou de 92,3% da população para 97,8%.
Porém, um dado preocupante chama a atenção: 367 mil domicílios não têm banheiro, sanitário ou buraco para dejeções. Habitam nesses locais cerca de 1,2 milhão de pessoas (0,6% da população) que, segundo o IBGE, deve defecar a céu aberto.
Outros dados sobre banheiros:
- 197,5 milhões moram em domicílios com pelo menos um banheiro de uso exclusivo
- 2,4 milhões moram em residências com “sanitários ou buracos para dejeções”
- 1,01 milhão tem banheiros compartilhados entre mais de um domicílio
Em 2022, a soma da população atendida por esgotamento por rede ou por fossa séptica chegou a 75,7% — sendo 62,5% por coleta de esgoto e 13,2% por fossa séptica, de acordo com o Censo Demográfico 2022.
Nos domicílios com banheiro ou sanitário, o IBGE registrou que 43,8 milhões deles (onde residem 117,8 milhões de brasileiros) têm esgotamento sanitário feito pela rede geral ou pluvial.
Já 4,2% da população faz o descarte dos rejeitos por fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede.
Os 24,3% restantes moram em domicílios com soluções de esgotamento sanitário mais precárias. São elas:
- 19,4% da população faz descarte por fossa rudimentar ou buraco
- 2% da população faz descarte por rio, lago, córrego ou mar
- 1,5% da população faz descarte por vala
- 0,7% da população faz descarte de outra forma
- 0,6% da população não tem banheiro
Por Regiões do Brasil, o Sudeste lidera a lista com maior proporção de residentes em domicílios com coleta de esgoto (86,2%). Já a menor é a Norte (22,8%). Nas UFs, a maior discrepância observada fica entre São Paulo (90,8%) e Amapá (11%).
De 2010 a 2022, todas as unidades federativas registraram elevação da proporção de moradores em domicílios com coleta de esgoto e com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
O descarte do lixo
O IBGE ainda identificou que, em 2022, 90,9% da população reside em domicílios com coleta direta ou indireta de lixo. Os 9,1% restantes recorrem a soluções locais ou individuais.
Descarte e coleta de lixo no Brasil:
- 82,5% da população moram em domicílios onde há coleta por serviço de limpeza
- 8,4% da população moram em domicílios onde é feito o depósito em caçamba de serviço de limpeza
- 7,9% da população moram em residências onde o lixo domiciliar é queimado na propriedade
- 0,3% da população mora em residências onde o lixo domiciliar é enterrado na propriedade
- 0,6% da população mora em locais onde o lixo domiciliar é jogado em terreno baldio encosta ou área pública
- 0,3% da população mora em locais onde o descarte do lixo domiciliar tem outro destino
Apesar do crescimento na cobertura de coleta de lixo adequada, as desigualdades regionais continuam. No Norte, a população atendida corresponde a 78,5%, já no Sudeste é de 96,9%. Na linha intermediária encontram-se o Nordeste (82,4%), Centro-Oeste (93,1%) e Sul (95,3%).
O Censo 2022 registrou a ampliação de coleta em todas as UFs, sendo Maranhão a que mais ampliou a população atendida entre 2010 e 2022. Contudo, o estado ainda assim tem a menor proporção na pesquisa.
Cor ou raça e grupo etário
Segundo o IBGE, as desigualdades também são influenciadas pela idade e cor ou raça. Os dados do Censo Demográfico 2022 indicam que pessoas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas têm menos acesso a serviços de saneamento básico e banheiros do que amarelas e brancas.
Além disso, a população mais velha tem mais acesso a esses serviços por domicílio do que a população mais jovem, como crianças de 0 a 4 anos.
Essa desigualdade também está relacionada à localização dos domicílios desse grupo etários e raciais.
Tendo em vista a grande proporção de brancos e amarelos em municípios com melhores condições de saneamento básico e infraestrutura sanitária no domicílio, bem como o maior número de crianças nas Regiões Norte e Nordeste.
— Recorte por cor ou raça, segundo o Censo Demográfico 2022:
Entre a população com rede de esgoto coletora, pluvial ou fossa séptica, há uma predominância de amarelos (91,8%) e brancos (83,5%). Seguido por pretos (75%), pardos (68,9%) e indígenas (29,9%).
Nos 20 municípios brasileiros com maior população, as condições de acesso a coleta de lixo, esgotamento sanitário e abastecimento de água apresentam índices melhores entre a população branca do que para a preta, parda ou indígena.
— Recorte por idade, segundo o Censo Demográfico 2022:
Principal fonte de acesso de água
- No grupo de idade entre 0 e 4 anos, 80,9% têm acesso ao abastecimento de água pela rede geral
- No grupo de 60 anos ou mais, 83,5% têm acesso ao abastecimento de água pela rede geral
Canalização de água
- Na população entre 0 e 4 anos, 3,4% moram em residências sem canalização de água
- No grupo de 60 anos ou mais, apenas 1,9% moram em residências sem canalização de água
Banheiros
- Entre 0 e 4 anos, 0,9% vive em domicílios sem banheiro, sanitário ou buraco para dejeções
- De 60 anos ou mais, somente 0,4% vive em domicílios sem banheiro, sanitário ou buraco para dejeções
Rede de esgoto
- Entre pessoas com 0 e 4 anos, 57,3% vivem em residências com esgotamento por rede coletora ou fluvial
- Entre pessoas com 60 anos ou mais, 66,3% vivem em residências com esgotamento por rede coletora ou fluvial
Lixo
- No grupo entre 0 e 4 anos, 89,5% têm acesso a coleta direta ou indireta de lixo
- Já no grupo com 60 anos ou mais, 90,8% têm acesso a coleta direta ou indireta de lixo