Mais de 60% das rodovias pavimentadas no país apresentam problemas
Pesquisa da CNT mostra que 67,5% das rodovias têm estado regular, ruim ou péssimo, o que aumenta em 32,7% o custo operacional do transporte
atualizado
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Cerca de 67,5% das rodovias brasileiras têm algum tipo de problema e são classificadas como regulares, ruins ou péssimas, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgada nesta quarta-feira (29/11). O levantamento avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas e observou que apenas 32,5% delas apresentam um estado geral considerado bom ou ótimo.
O cenário pouco mudou em relação à pesquisa publicada no ano passado, segundo a qual 66% das rodovias apresentavam algum tipo de problema e 34% eram consideradas boas ou ótimas.
A classificação feita pela pesquisa avalia o pavimento, a sinalização e a geometria das vias. Na análise individual, 56,8% dos pavimentos, 63,4% das sinalizações e 66% da geometria das vias são considerados regulares, ruins ou péssimos.
A pesquisa aponta que o transporte rodoviário é responsável pelo escoamento de 65% das cargas e 95% dos passageiros e que o custo operacional do transporte aumenta em 32,7% devido aos problemas na malha.
“A baixa qualidade das rodovias vem gerando aumento dos custos operacionais para o transportador, como gastos desnecessários com combustível, além da excessiva emissão de poluentes. Esses custos adicionais, por sua vez, acabam onerando o preço praticado do frete que precisa ser, de alguma forma, repassado ao consumidor final”, diz trecho da pesquisa.
Conforme estimativa feita pela pesquisa CNT, as rodovias de má qualidade geram o consumo de 1,139 bilhão de litros de diesel, de forma desnecessária, pela modalidade rodoviária do transporte.
“A queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e)”, informa.
A pesquisa identificou, ainda, 2.648 pontos críticos na malha rodoviária, com registros de quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas.
Esses pontos, segundo análise, trazem “graves riscos à segurança dos usuários, além de custos adicionais de operação, devido à possibilidade de dano severo aos veículos, aumento do tempo de viagem e/ou elevação do consumo de combustíveis”. Confira:
- 207 quedas de barreiras;
- 5 pontes caídas;
- 504 erosões nas pistas;
- 1.803 unidades de coleta com buracos grandes;
- 67 pontes estreitas; e
- 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.
Maior investimento
A pesquisa avalia que, para recuperar as rodovias no Brasil, seria necessário investir R$ 94,12 bilhões em ações emergenciais, de reconstrução e restauração, além de manutenção.
Na contramão disso, o levantamento aponta que os investimentos em infraestrutura sofreram uma redução no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, em 4,5%, em relação ao que foi autorizado no Orçamento de 2023 previsto para infraestrutura de transporte.
Privatização
Segundo a pesquisa, o estado geral das rodovias sob a gestão privada é melhor que o das rodovias sob gestão pública. Observando apenas estas últimas, 77,1% apresentam estado regular, ruim ou péssimo. Já em relação às rodovias concessionadas, 35,9% têm estado regular, ruim ou péssimo e 64,1% têm estado bom ou ótimo.