Mais de 500 mil brasileiros no exterior participam das eleições
Justiça Eleitoral, em parceria com o Itamaraty, facilitou o processo de transferência de títulos para quem reside fora do país
atualizado
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Neste domingo (7/10), a população brasileira residente no exterior apta a votar também vai às urnas. A escolha será apenas para o próximo presidente da República. Para participar do pleito, os eleitores se dirigirem a uma das sessões eleitorais, que em sua maioria funciona nas sedes de consulados e embaixadas, em 171 localidades, espalhadas por 110 países. No total foram distribuídas 744 urnas.
No Reino Unido, por exemplo, a votação ocorre no Consulado Geral do Brasil em Londres. Lá é onde vai votar o gerente de projetos, Nestor Collato Júnior. Morando em Londres há seis anos, essa será a primeira vez que o brasileiro irá participar de uma eleição longe de seu país de origem. Nestor aproveitou uma visita ao Brasil para fazer a transferência do título, procedimento necessário para a eleição fora do país. “Compareci ao escritório do TRE com o meu comprovante de residência e documento do exterior, e a transferência foi feita na hora, com o meu novo título também tendo sido emitido na hora”, relatou.
Nestor é um dos 500.727 brasileiros que vivem no exterior e fizeram a transferência do título. Apesar de elevado, esse número indica apenas uma pequena parte dos potenciais eleitores brasileiros espalhados pelo mundo. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) estima que cerca de 3 milhões de brasileiros tenham fixado residência em outras terras. Isso significa que somente um sexto dos potenciais eleitores estão aptos a votar nessas eleições.
Já a empresária brasiliense Luciana Pontual, após se mudar com a família para o Canadá, fez questão de realizar a transferência de seu domicílio eleitoral assim que chegou ao país, há um ano. “Moro atualmente em Toronto, e os serviços oferecidos pelo Consulado do Brasil em Toronto são muito eficientes. Portanto, a transferência do título não é um processo complicado”, explica Luciana. “Votar é um direito-dever de cidadão brasileiro”.
Para Luciana e Nestor, a facilidade em poder votar na mesma cidade onde moram também pesou na balança. Em alguns casos é necessário viajar mais de 12 horas até chegar a uma sessão eleitoral, o que desestimula muitas pessoas.
Ainda assim, houve um aumento significativo no número de votantes cadastrados fora do Brasil. No pleito de 2014, o número de brasileiros cadastrados era de 364.184. Nas eleições de 2018, passou a ser 500.727, o que representa um aumento de 41,73% de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em ambos os casos, o número de eleitores é maior que o do estado de Roraima, que tem 331.489 eleitores.
Como forma de estimular os brasileiros a se cadastrarem, a Justiça Eleitoral, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, facilitou o processo de transferência de títulos para quem reside no exterior com a criação da ferramenta Título Net Exterior, possibilitando que o cidadão faça a solicitação de alistamento eleitoral, revisão de dados cadastrais e transferência de domicílio eleitoral. Tudo através do site do TSE.
Foi esse o caminho que a bióloga Débora Brandt seguiu. Incomodada com os acontecimentos políticos brasileiros e morando na Califórnia (EUA) desde 2015, ela resolveu transferir seu título em 2017. “Fiquei com a impressão de que essa eleição poderia ser muito crítica. Por isso decidi que precisava votar”, explicou. Para ela, o serviço do site facilitou a transferência, mas ela considerou o processo demorado. “A transferência tem que ser feita 151 dias antes da eleição, e acho que àquela altura muita gente ainda não estava pensando em eleições”.
Mesmo morando em uma das regiões onde haverá urna nos Estados Unidos, a jornalista e atriz Bruna Lauermann não vai participar das eleições esse ano. Fora do país há um ano e nove meses, ela e o marido perderam o prazo para a transferência do título, encerrado em 9 de maio.
Entretanto, Bruna faz questão de participar ativamente de todo o processo, ela faz postagens na sua conta do Instagran, onde analisa os planos de governo dos presidenciáveis. Ela também participou de protestos de 29 de setembro em Nova York, onde mora atualmente. “O legal é trocar ideias com outras pessoas, a partir dos comentários que eu faço sobre os planos de governo. Aparecem outras pessoas com informações que eu não sabia, não obtive pelo plano de governo, mas que são interessantes também”, afirma.
Quem, assim como Bruna, não conseguir votar nessas eleições precisa apresentar a justificativa pela página do TSE na internet. Para aqueles que já querem se adiantar e transferir o título, o processo poderá ser realizado também através do site a partir de 11 de novembro.
Perfil do eleitorado
O maior contingente de brasileiros expatriados e imigrantes vota nos Estados Unidos: 160 mil. As cidades com o maior número de eleitores também ficam nos EUA: Boston e Miami, seguidas por Tóquio, no Japão.
As mulheres são maioria entre os brasileiros aptos a votar no exterior (58,4%), totalizando 292.531 eleitoras, enquanto os homens equivalem a 41,6% do eleitorado. A faixa etária que predomina fora do país vai de 35 a 39 anos, seguida dos eleitores que têm entre 40 e 44 anos. (Com informações da Agência Estado)