Mais de 30% dos reitores escolhidos por Bolsonaro não eram os mais votados
Listra é feita por universidades e encaminhadas ao presidente que, historicamente, escolhia o mais votado, mas Bolsonaro quebrou a tradição
atualizado
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Desde o primeiro ano de mandato, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) coleciona conflitos com universidades públicas federais. De acordo com levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, 18 dos 50 reitores escolhidos desde 2019 não foram os mais votados nas eleições internas, o que corresponde a 36% dos escolhidos.
Por lei, as universidades federais votam internamente e criam uma lista com três nomes para reitor. A lista é encaminhada ao presidente da República, que escolhe um dos três nomes.
Historicamente, os presidentes decidem pelo nome mais votado, mas Bolsonaro quebrou essa tradição.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, muitos dos escolhidos são aliados ideologicamente com o governo Jair Bolsonaro e as escolhas têm gerado falta de autonomia às instituições.
A discussão chegou a parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Em dezembro do ano passado, o ministro Edson Fachin determinou, em liminar, que Bolsonaro deveria respeitar a lista tríplice elaborada pelas universidades federais — o que a lei já prevê. Mas o ministro não especificou que o presidente deve nomear os primeiros colocados das listas.
Em fevereiro, o plenário definiu que a lista tríplice deveria ser seguida, mas que não havia necessidade de escolher o mais votado, pois a lei não traz essa determinação.