Mais 12 mulheres denunciam patroa de babá que pulou de prédio na BA
Segundo o advogado da vítima, a polícia realizou perícia no apartamento da ex-patroa e apreendeu seu celular e câmeras encontradas no local
atualizado
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Mais 12 ex-funcionárias de Melina Esteves França, ex-contratante da babá que pulou do 3º andar de um prédio em Salvador para fugir do cárcere privado, denunciaram para a polícia a antiga patroa por agressões e ameaças, da mesma maneira que Raiana Ribeiro, de 25 anos, havia alegado.
De acordo com o portal Uol, a Polícia Civil da Bahia confirmou as informações. Sete ocorrências foram registradas na 12ª Delegacia Territorial (DT), em Itapuã, e três mulheres já foram ouvidas.
A 9ª DT, na Boca do Rio, recebeu as outras cinco ocorrências, e apontaram Melina como suspeita de agressões físicas e ameaças. As ex-funcionárias também a denunciaram por tomar seus celulares, não obedecer horários de serviço combinados e por não pagar por dias trabalhados.
A Polícia Civil também informou que o Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) está supervisionando e acompanhando todos os casos.
Bruno Oliveira, advogado de Raiana, afirmou que passou a cuidar de oito dos 12 novos casos. Quatro babás já teriam registrado boletim de ocorrência contra Melina no passado, uma em 2018, duas em 2020 e a quarta fez o registro ainda este ano.
As mulheres que decidiram prestar queixa somente agora afirmaram não realizaram a denúncia antes porque a ex-patroa as ameaçava, dizendo que “mandaria alguém pegá-las”.
Áudios
O advogado incluiu áudios gravados e enviados pela suspeita para as ex-funcionárias como forma de intimidação, contendo xingamentos e ameaças, nas provas.
Duas babás chegaram a fazer exame de corpo delito por conta das agressões, enquanto outra ex-funcionária, já idosa, passou por perícia depois de prestar queixa na delegacia do idoso.
Sobre o caso de Raiana, o advogado afirmou que a família da vítima compareceu ao local um dia antes da queda da babá do prédio em que trabalhava. O motivo teria sido um pedido de socorro da ex-funcionária, mas a família foi impedida de contatá-la.
“Eles ficaram cerca de 4 horas na portaria do condomínio tentando entrar, mas o acesso foi negado e tampouco de prontificaram a localizar Raiana”, relata Oliveira.
O advogado também informou que a polícia realizou perícia no apartamento de Melina França e apreender celular e câmeras encontradas no interior do local. “Tudo será periciado, assim como as imagens fornecidas pelo condomínio”, garantiu.
“Estamos agora buscando provas e evidências e aguardando as diligências solicitadas pelos delegados para o desfecho. Apresentaremos as ações para a responsabilidade na relação de trabalho. Também pediremos danos morais pelos maus tratos e pela situação vexatória a que essas mulheres foram submetidas”, finalizou Bruno Oliveira.
Gabriel Sodré, advogado de Melina, afirmou que ainda não foi informado sobre os novos casos e que irá aguardar a comunicação oficial das acusações para se pronunciar.
Relembre a história
Raiane Ribeiro, de 25 anos, cuidava de três crianças em um apartamento em Salvador. Ela teria pedido demissão e foi supostamente impedida de deixar o local pela ex-patroa.
De acordo com o relato da vítima, ela estaria sendo mantida em cárcere privado depois do pedido de demissão. Melina França não teria concordado com a saída dela e a trancado em um banheiro.
A babá ainda relatou que sofreu agressões físicas e ameaças e que decidiu pular pela janela do banheiro do apartamento para fugir da situação. A mulher teria batido no parapeito do 2º andar antes de atingir o solo. A vítima teve fraturas nas pernas e escoriações pelo corpo e rosto.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu inquérito e está acompanhando os depoimentos do caso à polícia. O órgão também informou que vai apurar se houve maus-tratos e cárcere privado.
A Superintendência Regional do Trabalho da Bahia (SRT-BA) deve analisar os documentos e evidências para apontar os detalhes da relação de trabalho e das condições de tratamento dispensadas à empregada.