Maggi vai tratar com Rússia e China sobre embargo à carne brasileira
O ministro da Agricultura disse estar otimista de que os diálogos podem avançar para resolução dos impasses
atualizado
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A caminho de Johanesburgo, na África do Sul, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, aposta nas conversas preparatórias da 10ª Cúpula do Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,– para dar mais um passo na direção do fim do embargo russo à carne suína e bovina do Brasil. As restrições anunciadas sob argumento de que haviam sido encontradas substâncias como estimulantes nos produtos brasileiros exportados para a Rússia já duram quase seis meses.
“Todos os pleitos da Rússia foram atendidos e estão vigentes”, afirmou o ministro nesta quarta-feira (20/6), minutos antes do embarque para São Paulo, de onde seguirá para o continente africano. Maggi admitiu que não será a esfera ministerial da reunião dos Brics que solucionará problemas relacionados à sua pasta, mas disse estar otimista de que os diálogos podem avançar para que esses impasses sejam dissolvidos no momento em que os chefes de Estados sentarem à mesa de negociações.
Nos próximos dias, técnicos chineses chegam ao Brasil, em uma missão para avaliar números, e devem visitar três plantas de produção brasileira. “Eles alegam que fizemos dumping, usando preços mais baixos de produção, o que não é verdadeiro. O Brasil é um país muito competitivo com produção de farelo e milho”, explicou. Maggi admitiu que o Brasil precisa adotar uma “maior noção de mercado”. “Não adianta a gente abrir mercado e desestrutura as cadeias locais”, completou.
Guerra comercial
Maggi disse que o governo brasileiro não tem como interferir na disputa comercial iniciada pelos Estados Unidos, quando anunciou a sobretaxação de produtos da China e de países da União Europeia. O ministro admitiu que, em um primeiro momento, o Brasil pode até ganhar com a situação, mas a expectativa é a de que esse cenário prejudique outras variáveis da produção.
Com a sobretaxa sobre a soja, que é regulada pela Bolsa de Chicago, os preços do produto caem em todo o mundo. “Terão que pagar um prêmio para buscar a soja brasileira que compensa um pouco, mas somos um grande fornecedor de grãos para a China. No momento em que é melhor vender o grão, as empresas param de fazer a moagem e perdemos mercado mundial de farelo”, explicou.
O reflexo esperado é o encarecimento da ração que é a base da produção animal nacional de frangos e suínos. “Para mim, só temos a perder nisso. Daqui a uns anos, China e EUA voltam a se acertar, ganham novamente o mercado de soja e nós já perdemos o mercado de farelo e competitividade na área animal”, acrescentou.