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Máfia dos caça-níqueis no Rio: PM expulsou 18 militares em 12 anos

Levantamento obtido pelo Metrópoles mostra envolvimento de militares na contravenção; criminosos seguem agindo em plena luz do dia

atualizado

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Divulgação Polícia Civil
Carro do ex-PM Adriano fuzilado em plena luz do dia na Barra da Tijuca
1 de 1 Carro do ex-PM Adriano fuzilado em plena luz do dia na Barra da Tijuca - Foto: Divulgação Polícia Civil

Rio de Janeiro – Em 12 anos, a Polícia Militar do Rio de Janeiro expulsou 18 militares, e 16 ainda respondem a procedimentos relacionados à máfia dos caça-níqueis no Rio de Janeiro. Os dados foram obtidos pelo Metrópoles com base na Lei de Acesso à Informação. Na seara de crimes, há investigações por associação criminosa e escolta de bicheiros, em um submundo marcado por mortes.

A PM só pode demitir oficiais com ordem da Justiça, como foi o caso de Adriano da Nóbrega, expulso da corporação em 2014 por envolvimento com a contravenção. Quatro anos depois, ele ainda foi apontado como um dos chefes do grupo de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime, do qual supostamente fazia parte o ex-PM Ronnie Lessa, um dos acusados de executar a vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e o motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018.

Enquanto investigações seguem em marcha lenta, como as do caso de Marielle e Anderson, cujo mandante ainda não foi identificado, o estado é marcado pela audácia dos bandidos, que agem à luz do dia.

Na manhã do último sábado (30/1), o carro do ex-PM Adriano Maciel de Souza, investigado por envolvimento com o jogo do bicho no Rio, foi fuzilado na Avenida das Américas, uma das mais movimentadas da Barra da Tijuca, na zona oeste da capital.

Dois carros, entre eles um Ecosport preto, cercaram o veículo blindado do ex-militar. Houve troca de tiros, com mais de 50 disparos, e Adriano e seu segurança ficaram feridos. Os criminosos ainda tentaram abrir a porta do motorista, mas não conseguiram. O ex-PM e seu segurança foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que Adriano foi transferido para um hospital particular na segunda-feira (1º/2). Os responsáveis fugiram em direção ao bairro do Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste. A Delegacia de Homicídios da Capital apura o crime.

“O sistema não condena muito os envolvidos nesses tipos de crime, que têm um nível sofisticado. Há um mercado em torno de quem pode contratar e pagar alto por encomenda. Agora, acontece aqui e em países com forte sistema de segurança. No Rio, em específico, o que fica demonstrado é a fragilidade no sistema de polícia e Justiça. Há um encarceramento grande do varejo da droga e do furto”, analisa Robson Rodrigues, antropólogo e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Emboscada em heliponto

Em novembro do ano passado, o chefão do jogo do bicho Fernando Iggnácio foi executado em um heliponto no Recreio dos Bandeirantes. O cabo da Polícia Militar Rodrigo Silva das Neves foi preso em uma ação conjunta das polícias civis da Bahia e do Rio de Janeiro. Outros três suspeitos, entre eles um PM de São Paulo, estão foragidos da Justiça.

Fernando Iggnácio é genro do contraventor Castor de Andrade, morto em 1997, vítima de uma parada cardíaca, aos 71 anos. Em meados dos anos de 1980, o famoso bicheiro chegou a ser listado como um dos homens mais ricos do Brasil.

Entenda o que é a máfia dos caça-níqueis

A máfia dos caça-níqueis ou máfia do jogo do bicho, como é conhecida, ganhou os holofotes com a prisão de 14 bicheiros da cúpula da contravenção, em 1993. A jogatina evoluiu para as máquinas de caça-níqueis, e herdeiros dos contraventores assumiram o comando.

Uma das guerras mais conhecidas é a de Rogério Andrade e Fernando Iggnácio, que já deixou um rastro de sangue. Andrade sofreu um atentado à bomba. Ele estava com o filho Diogo, de 17 anos, em um Toyota Corolla na Avenida das Américas, na Barra, quando o veículo explodiu. O jovem morreu no ataque.

Outra família em guerra é a Garcia. Em 2004, Waldemir Paes Garcia, o Maninho, foi assassinado – e até hoje o crime não teve solução. Por trás de uma briga pelo espólio de mais de R$ 25 milhões, Shanna, filha de Maninho, já teve o marido e o irmão mortos.

Em 2019, a própria Shanna sobreviveu a um atentado a tiros enquanto saía de um shopping, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. No ano seguinte, Alcebíades Paes Garcia, o Bidi, tio de Shanna, foi morto, também na Barra.

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