Mãe e filha são acusadas de furto e têm bolsa revistada por médico
Médico da UPA teria perdido o celular dentro do ambulatório e acusou a pescadora e a filha dela de furto. Caso aconteceu em Ipojuca (PE)
atualizado
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A pescadora Sandra Franco, 42 anos, e a filha, uma adolescente de 17, foram acusadas de furto e tiveram as bolsas revistadas por um médico depois de uma consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ipojuca, município de Pernambuco. O caso aconteceu na última sexta-feira (29/9).
A pescadora contou ao G1 que a a filha foi atendida pelo médico Matheus Nickel Saúde e que ele teria perdido o celular dentro da unidade, mas encontrou o aparelho depois de pressionar os pacientes. O caso foi denunciado à Polícia Civil, que investiga o caso.
Sandra afirma que procurou a UPA depois que a filha passou a ter crises de alergias, com falta de ar e muita tosse. A jovem teria passado pelo consultório do médico e, depois, liberada. Segundo a pescadora, já fora da sala, Matheus teria afirmado que ela e a adolescente teriam pegado o celular dele.
“Ele atendeu a gente e passou remédios para ela. Quando estávamos na sala de medicação, depois de uns 10 minutos, ele chegou agoniado e com um celular no ouvido, como se estivesse ligando para o telefone dele, e perguntou se nós duas não estávamos sentindo um celular vibrando, porque o telefone dele tinha sumido”, contou Sandra.
Sem entender o que estava acontecendo, a pescadora perguntou ao médico se ele as estava acusando de terem furtado o celular. “Ele disse: ‘Vocês foram as últimas pessoas a saírem do meu consultório. Abram a bolsa'”. Eu e minha filha abrimos a bolsa, ele revistou e saiu bem abusado. Além de nós, havia mais seis pessoas na sala de medicação. Passados alguns minutos, ele bateu na porta, olhou novamente para a gente e perguntou: ‘Cadê meu celular?’. Ele tinha muito ódio nos olhos”, relembra a mulher.
A pescadora destaca que tudo aconteceu quando elas esperavam pela medicação da jovem, e que as técnicas de enfermagem que trabalham na UPA presenciaram toda a cena.
“Eu não estava aguentando mais e levantei meu vestido até a minha cabeça para ele ver que eu não tinha roubado. Minha filha levantou a blusa. Ele saiu indignado. Depois de um tempo, voltou, abriu a porta e disse: ‘Achei o celular. Desculpa aí’. Foi aí que eu desabei. Comecei a chorar bastante, porque nunca fui tão humilhada”, detalha.
“Na hora, nem pensei em ligar para o 190 e acionar a polícia. Nunca passei por algo assim , e acho que o fato de sermos negras tem a ver com esse julgamento dele”, destaca Sandra.
A pescadora e a filha foram direcionadas até a diretoria da UPA, gerida pela Prefeitura de Ipojuca, onde uma enfermeira pediu desculpas em nome da unidade de saúde e do médico.
No dia seguinte, no sábado (30/9), Sandra e a adolescente registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Porto de Galinhas, também em Ipojuca.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde sobre o caso, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
A reportagem também tentou contato com o médico Matheus Nickel Saúde.