Mãe e filha profissionais da saúde usam saco para se abraçar
“Tudo que eu queria era um abraço dela”, disse a mãe, Andrea Fogaça Monteiro
atualizado
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A pandemia de coronavírus tornou o abraço um gesto de perigo. Por isso, o simbolismo do afago trocado entre a técnica em radiologia Andrea Fogaça Monteiro, de 49 anos, e a enfermeira Ana Carolina Monteiro, de 28 anos, ficou ainda maior.
No último domingo (19/04), Andrea se enrolou em um saco plástico para, ao abraçar a filha, diminuir a saudade. “Eu montei um lugar no pátio para que ela ficasse longe, mas que a gente pudesse se ver, se olhar, conversar. Quando ela disse: ‘mãe, eu vou indo’, me deu aquela sensação: ‘quando será que eu vou ver minha filha de novo?’, aí eu pedi pra ela esperar”, contou ela, que vive em Porto Alegre (RS).
A matriarca usou uma embalagem usada para cobrir o chão. O registro foi feito pelo marido dela. “Eu peguei aquele saco e me enfiei dentro dele, uma coisa de segundos. Saí para a rua e abri os braços e disse ‘me dá um abraço’, ela riu e veio e me abraçou. Eu fiquei com tanta vontade de abraçar minha filha e fiz aquilo. Tem tanta coisa que a pessoa quer às vezes, e pra mim, o mais importante naquele momento era um abraço. Tudo que eu queria era um abraço dela”, falou.
Ana Carolina trabalha diretamente com infectados pela Covid-19 no Hospital Moinhos de Vento, enquanto a mãe trabalha com tratamento de radioterapia no Hospital Santa Rita. Sendo dois locais com alto risco de contágio, elas decidiram não se encontrar.
“Como trabalhamos em hospital, e eu moro no mesmo pátio da minha mãe, que é do grupo de risco, em casa a gente já tinha todo um cuidado. Ela tinha medo que pudesse me passar alguma coisa, e como ela não mora mais comigo, ficou ainda mais difícil de se ver”, explicou Andrea.