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Mãe do médico da Chape: “Onde já se viu uma mãe enterrar o filho?”

Nabiha Koury: “Só Deus para me dar força mesmo. Como que eu faço para entender uma coisa dessa?”

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1 de 1 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Enviadas especiais a Chapecó (SC) – Desde terça-feira (29/11), andar por Chapecó (SC) é se emocionar a cada passo. A cidade está devastada. No ponto de táxi, o motorista lembra dos jogadores que costumava levar para os treinos. Os jornalistas da cidade tentam trabalhar, enquanto seguram as lágrimas pela perda dos amigos. Os familiares, então, nem se fala. “Onde já se viu uma mãe enterrar um filho?”, lamenta Nabiha Koury, 66 anos, mãe do médico da Chapecoense, Márcio Koury, 44.

É na capela da Catedral Santo Antônio, a principal da cidade, que a aposentada passa horas do dia rezando e chorando desde que chegou ao município catarinense. Até agora não teve forças para ir à Arena Condá, estádio da Chape. Era o local onde o filho trabalhava e será velado com as vítimas do voo que caiu na Colômbia neste sábado (3/12).

“Só Deus para me dar força mesmo. Eu tive esperança de que ele poderia ter sobrevivido. A gente via as notícias que tinha jogador sendo encontrado com vida e rezava, e pedia para que o mesmo acontecesse com o meu menino. Mas, lá no fundo, uma voz me dizia que não teria jeito. Tão jovem, tão cheio de vontade, fazendo o que amava. Como que eu faço para entender uma coisa dessa?”, desabafou em entrevista ao Metrópoles.

Apaixonado por esportes, Márcio era especialista em medicina esportiva e teve o sonho realizado quando passou a fazer parte da delegação da Chapecoense. Agora, a mãe tenta se apegar a isso para não culpar o futebol pela morte do filho.

Confira o vídeo:

 

O coração de mãe, conta, até tentou evitar a tragédia, mas a vontade de deixar o filho escolher seus caminhos falou mais alto. A delegação da Chapecoense embarcou primeiramente para São Paulo, onde enfrentou o Palmeiras pelo Brasileirão, no fim de semana passado,e só depois seguiu para a Colômbia, local do acidente.

Márcio perdeu o voo para a capital paulista e avisou à mãe, que pensou em pedir ao filho para ficar, por acreditar que poderia ser um “sinal”. No entanto, recorda-se, não teve coragem.

Agora, a família espera angustiada pela chegada dos corpos. A mãe mora no Acre, mas cedeu aos pedidos da nora e das netas e resolveu enterrar Márcio Koury em Chapecó, onde a família já vivia há sete anos.

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