Mãe diz que corpo da filha morta pelo pai está “como Jesus Cristo”
Mel, de 6 anos, foi amarrada e chicoteada. Pai e madrasta estão presos
atualizado
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Mãe da menina espancada até a morte pelo pai, Fernanda Cristina Ribeiro Tavares disse que o corpo da filha está “como Jesus Cristo”, devido à gravidade das lesões. Segundo peritos, Mel Rhayane Ribeiro de Jesus, de 6 anos, foi amarrada e chicoteada. O barbeiro Rodrigo Jesus da França, 25, e Juliana Mayara Brito da Silva, 20, pai e a madrasta da garota, foram presos acusados pelo crime bárbaro, ocorrido no Rio de Janeiro durante o fim de semana.
Em entrevista ao Extra, Fernanda afirmou que o ex não deixava que ela visse a filha. “Espalhou na comunidade que morava que ela era abusada pelo ex-padastro dela e eu não podia subir lá. Quando ligava, me xingava e desligava na minha cara. Tenho até gravação. Então eu sabia que ela não estava sendo bem tratada, e queria a guarda, mas não imaginava algo a esse ponto. Se você visse a minha filha… está como Jesus Cristo”, ressaltou, segundo a reportagem.
Mel foi levada na tarde dessa sexta-feira (02/08/2019) pelo próprio pai e a madrasta ao Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio. Não houve tempo de socorrer a menina, que morreu antes de dar entrada na unidade de saúde. Rodrigo pediu para ser preso em seguida. O temor dele era que fosse linchado por cerca de 15 pessoas que o aguardavam do lado de fora da unidade de saúde.
Segundo servidores do hospital, Mel Rhayane apresentava várias marcas de correntes, feridas pelo corpo, sinal de abuso sexual no ânus e estava com orelha cortada. A menina também parecia desnutrida e tinha hematomas pelo corpo.
O pai afirmou que a criança havia recebido um “corretivo” e estava de castigo, quando parou de respirar. Em outra versão, disse que a menina morreu por ter batido a cabeça.
O pai vivia com a criança há seis meses. A mãe teria perdido a guarda após denúncias de que a garota sofria abusos sexuais por parte do ex-padrasto. Ela nega as acusações. No entanto, agentes da 26ª DP (Todos os Santos) que acompanharam o caso disseram que a mulher tinha conhecimento dos abusos sexuais cometidos pelo padrasto da garota e ex-marido de Fernanda.
Barbárie
Peritos da Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, comprovaram que Mel foi amarrada e chicoteada. Além de perder parte da orelha com as sessões de espancamento, a menina tinha ferimentos no tornozelo e nas mãos. Os policiais também descobriram que o pai tirou a criança da escola para que outras pessoas não percebessem as agressões.
À delegada Cristiane Carvalho, o pai confessou o crime e justificou a violência como “correção de um suposto comportamento sexual alterado da menina”, que teria começado após suposto estupro cometido pelo ex-padastro. O acusado contou que deixava também a filha amarrada para que ela não tivesse contato com outros filhos do casal.
As investigações apontam também que a vítima desenvolveu um distúrbio psiquiátrico que a levava a se masturbar. Por causa disso, o pai a espancava e a torturava para que parasse, segundo informou a Polícia Civil.
O diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP) do Rio de Janeiro, delegado Antônio Ricardo, classificou como “facínoras, covardes, malditos” o pai e a madrasta. Eles responderão por homicídio qualificado e tortura.