Mãe de Marielle Franco diz que se despediu da filha antes da execução
“O que me conforta é saber que na noite anterior, por acaso, consegui me despedir da minha filha”, afirmou em entrevista
atualizado
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Em entrevista à revista Marie Clarie, a mãe da vereadora carioca Marielle Franco, executada no dia 14 de março, descreveu como foi a última vez em que falou com a filha. Marinete da Silva, advogada, de 66 anos, lembra que na noite anterior ao crime, Marielle telefonou para ela, oferecendo uma carona.
Marinete, então, foi até a Câmara do Rio de Janeiro. “Foi a segunda vez que fui no gabinete da Marielle. Nossos horários não coincidiam nunca. Quando as pessoas me encontraram, vieram fazer elogios por causa dela, ofereceram água, café, lanche… até anunciaram minha visita no Plenário”, contou, garantindo que sentiu-se orgulhosa e, ao mesmo tempo, envergonhada.
As duas, então, conversaram muito, tomando chá. “Ela me deu umas recomendações sobre a Luyara [filha de Marielle], que estava passando um tempo comigo para tratar de uma conjuntivite. Disse para eu cuidar para que ela estudasse, lesse mais, se concentrasse no Enem. Saímos de lá quase às 8h da noite e começamos a rodar pelas farmácias à procura de um colírio contra a conjuntivite da Lu”.Ela lembra que Anderson Gomes, motorista da parlamentar, que também foi executado no dia do crime, as levou em 19 farmácias até encontrarem o medicamento. “Fiquei bastante com minha filha, como há muito tempo não fazia. Cheguei em casa tarde, já estava quase acabando a novela. Nos despedimos com um abraço apertado. Eu estava muito feliz.”
No dia seguinte, Marinete recebeu uma ligação de um padre, amigo da família, que avisou sobre o assassinato. “Até agora é difícil de acreditar. A sensação é de estar em frangalhos, feito um zumbi. O que me conforta é saber que na noite anterior, por acaso, consegui me despedir da minha filha”, afirmou na entrevista.