Mãe de jovem morto na fila da UTI: “Sem socorro para meu único filho”
Renan Ribeiro Cardoso tinha apenas 22 anos. Entre a entrada dele em uma unidade hospitalar e o óbito foram apenas 46 horas
atualizado
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São Paulo – A mãe de Renan Ribeiro Cardoso, jovem de 22 anos que morreu na fila da UTI em São Paulo, questiona o motivo de não terem levado o filho para um hospital com recursos. Em entrevista com bastante emoção para o Agora, Maria de Jesus Ribeiro de Andrade lamentou repetidas vezes a morte do filho.
“Por que Deus levou meu filho moço, me diz moço, por quê? Eu sou diabética, por que não eu? Ele não tinha vício, era trabalhador, cheio de sonhos.”
Renan apresentou sintomas de Covid-19 no dia 6/3 e morreu na última quinta-feira (13/3). Ele era obeso, pesava 172 kg e tinha 1,82 metro de altura. O jovem chegou a ser intubado na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de São Mateus (zona leste), mas precisava de um leito específico para a infeção pelo coronavírus.
“Não chegou socorro, sem para o meu filho, o meu único filho. E ficavam devolvendo ele. Esse jovem que todos estão falando aí nas televisões era o meu filho. E Deus me tirou ele.”
O jovem se cuidava, só saia de casa para trabalhar e sempre que via alguém sem máscara dizia que a pessoa não se preocupava com a própria saúde e nem mesmo com a de amigos e parentes.
O pai de Renan, Valmir Cardoso, também apresenta sintomas da doença e foi fazer teste para doença nesta quinta.
Fila por UTI
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o jovem teve piora no quadro clínico no dia 13, às 16h. Ele recebeu respirador mecânico vindo de outra unidade médica 15 minutos depois. Mesmo assim, os médicos decidiram, com aprovação da família, fazer a intubação.
Às 16h20, ele foi para a sala de urgência e morreu às 17h19, pouco antes de surgir uma vaga de UTI. O leito, segundo boletim médico, foi oferecido às 17h38.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, ressaltou que entre a entrada do paciente e o óbito foram apenas 46 horas. Ele também enfatiza a idade do paciente. “Mostra reflexo da mudança do perfil das pessoas que estão sendo hospitalizadas nesse segundo pico da doença”, disse em coletiva de imprensa no início da tarde desta quinta.
Na quarta-feira (17/3), ao Metrópoles, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, explicou que quando se fala em fila por leito significa que as pessoas estão sendo atendidas, muitas vezes já com respiradores, mas que não há leito específico para a Covid-19.