Mãe de Heloisa presta depoimento ao MPF; pai reclama de PRFs
Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, morreu depois que foi baleada por agente da PRF no Rio de Janeiro
atualizado
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Alana dos Santos, mãe da menina Heloísa dos Santos e Silva, 3 anos, prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro na tarde desta terça-feira (19/9). A criança morreu depois de baleada por um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em abordagem em 7 de setembro.
Segundo informações do G1, Alana chegou à sede do MPF por volta das 15h, acompanhada do advogado que assessora a família. Willian Silva, marido dela e pai de Heloísa, também estava no local.
Ao deixar a sede do MPF, a mãe da menina não teve condições de falar com a imprensa, mas o pai de Heloísa afirmou que a criança não é a primeira a ser assassinada por agentes da PRF.
“O que a gente pede é que a Justiça seja feita, porque, assim como a Heloísa, não é o primeiro caso. Para que não tenham outros casos e fique na estatística”, disse Willian.
O pai da menina voltou a pedir justiça e punição dos envolvidos na morte da garotinha. “Nada que a gente faça vai trazer a vida da minha filha de volta. Mas a gente pede o mínimo, a responsabilização dos policiais que fizeram essa covardia, que fez com que a gente ficasse sem a nossa menina. Menina linda, com saúde. Nada justifica o que eles fizeram”, reforçou.
William voltou a negar que houve um tiroteio próximo ao local onde Heloísa foi baleada. “[Tiroteio] não. Só da parte deles. Aqui não tem nenhum bandido, nenhum marginal, nossa família é do bem, trabalhadora, somos do bem, evangélicos. Foi uma covardia tamanha, não tem como mensurar o tamanho da covardia de quem deveria nos proteger e nos atacou dessa forma cruel, tirando a vida de uma menina de 3 anos. E foi para matar mesmo, porque poderia ter morrido todo mundo”, ressaltou o pai da criança.
O pai também falou sobre o modo como a família foi tratada no dia em que a menina foi baleada por um dos agentes da PRF. “Ameaçado, eu não fui, mas me senti intimidado, sim. No dia do ocorrido, a gente estava no hospital, e a Helô tinha passado pela primeira cirurgia e ia passar por mais uma, e eles queriam me tirar de lá de todo jeito para prestar depoimento. Do lado de fora, cerca de 28 PRFs”, contou.
“Nesse momento, eu me senti intimidado, sim. Eles não tiveram nem um pouco de respeito por aquele momento que nós estávamos passando. Eu precisava saber se minha filha ia sair da cirurgia viva ou não. Não tiveram nem um pouco de empatia. Lembro perfeitamente da frase do policial: ‘Você não é médico. Se você tiver aqui ou não, não vai poder fazer nada'”, completou William.
O pai de Helóisa afirmou ainda que a insistência no depoimento gerou um contratempo, dado que a delegacia não estava aberta, e ele teve de retornar no dia seguinte. “Isso me entristeceu muito. Eu acatei o pedido deles, fomos para a delegacia, que não estava aberta. Tive de voltar no outro dia de manhã. Quando eu voltei com as roupas da minha esposa [para o hospital] , eles estavam lá dizendo que, se eu não fosse com eles, iam entender que eu não estava querendo ir. Me senti coagido, sim”, informou.
Relembre o caso
Heloísa dos Santos e Silva foi baleada na noite de 7 de setembro, quando ela e a família voltavam para Petrópolis, onde moravam, no Rio de Janeiro.
O veículo da família passava pelo Arco Metropolitano, perto de Seropédica, quando um agente da PRF efetuou disparos na direção do carro. Willian afirma que não recebeu ordem de parar.
O MPF pediu a prisão dos três agentes envolvidos. Contudo, o pedido foi negado pela Justiça nessa segunda-feira (18/9).