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Lulaverso: PT mantém estratégia de comunicação direta com apoiadores

Campanha petista lutou para tornar comunicação digital de Lula menos engessada e, agora, quer manter o “patrimônio” virtual

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Foto colorida de Lula cumprimentando militantes
1 de 1 Foto colorida de Lula cumprimentando militantes - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Único brasileiro a vencer três eleições presidenciais na história, o petista Luiz Inácio Lula da Silva mostrou força política ao liderar as pesquisas de intenção de voto durante toda a corrida eleitoral e ao impor a um ocupante do cargo a primeira derrota numa tentativa de reeleição. Num quesito, porém, o presidente eleito correu sempre atrás do oponente Jair Bolsonaro (PL): o engajamento nas redes sociais.

Bolsonaro tem uma estratégia digital muito bem sucedida e já disse várias vezes que as redes sociais foram fundamentais para levá-lo à Presidência em 2018. Com milhões de seguidores a mais do que Lula nas mais diversas plataformas, Bolsonaro ainda conseguiu engajar mais ao longo da campanha, mas viu a diferença ser reduzida pela equipe do petista, que fez enorme esforço para “digitalizar” um político que fez quase toda a carreira na era “analógica”.

Com resultados considerados satisfatórios, os petistas agora não querem deixar a peteca cair.

A estratégia

A campanha petista começou a corrida eleitoral ciente de que estaria sempre atrás de Bolsonaro nas redes. E a estratégia foi tentar popularizar o petista, levá-lo para mais perto dos internautas. Até a eleição, as redes de Lula tinham um tom muito oficial, funcionando mais como uma extensão do site oficial do PT — o que tornava muito difícil estabelecer com os eleitores um diálogo, fator que gera engajamento e faz as mensagens chegarem mais longe.

Para alcançar esse objetivo, até o jeito de escrever nos perfis de Lula mudou. Saiu a terceira pessoa, e as mensagens começaram a ser escritas como se fosse o próprio Lula — o que não ocorre, pois as redes do presidente eleito são administradas por uma equipe profissional de comunicação.

Além disso, foram criados centenas de grupos em aplicativos de troca de mensagens, como Telegram e WhatsApp (outra estratégia muito bem-sucedida do bolsonarismo), para unir os apoiadores e distribuir material de campanha.

Num site batizado de “Lulaverso“, a campanha reuniu os links para esses grupos e distribuiu memes, figurinhas, áudios e outros materiais para tentar jogar de igual para igual com Bolsonaro na internet.

André Janones e Lula
André Janones e Lula

O efeito Janones

A estratégia digital petista estava dando algum resultado, mas só conseguiu força parecida com a de Bolsonaro nas redes quando o deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG) desistiu de sua candidatura presidencial, no início de agosto deste ano, e passou a apoiar Lula.

Advogado de formação, Janones entrou na política pela porta digital, após virar um fenômeno no Facebook. Espontâneo e agressivo, o parlamentar mineiro tirou de vez a comunicação lulista de um pedestal de profissionalismo forçado e ensinou o petista de 77 anos a falar com os internautas de maneira mais parecida com a qual ele se comunica com multidões ao vivo desde os anos 1970.

Além de os dois terem improvisado lives juntos nas redes sociais, Janones estimulou a militância petista em geral a se comunicar como os adversários bolsonaristas. Para Janones, melhor do que ficar tentando rebater desinformação propagada pelos adversários, é tomar a iniciativa no debate, nem que isso signifique ele mesmo abrir mão da verossimilhança dos fatos.

Por distorcer fatos para atacar Bolsonaro, Janones chegou a ser atacado por muitos petistas e virou alvo da Justiça, mas o reconhecimento pela efetividade de seus “serviços” levou a direção da campanha petista a convidar o parlamentar para integrar o grupo da comunicação no Gabinete de Transição.

A manutenção da estratégia

Agora, montando o governo que assume em janeiro, a comunicação petista resolveu não desmobilizar o engajamento conquistado a duras penas na campanha e segue alimentando o Lulaverso e sua rede de grupos. O foco, após a eleição, tem sido divulgar as informações da transição, desmentir notícias falsas que seguem inundando as redes e incentivar a militância petista a seguir postando.

A comunicação de Lula entende que os seguidores conquistados para esses grupos são um patrimônio que não deve ser descartado, pois seguirão sendo importante ao longo do mandato e em futuras corridas eleitorais.

Veja exemplos dessa estratégia de comunicação:

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Também são usados para combater desinformação que segue sendo produzida pelos adversários
Canal oficial de Lula também segue sendo alimentado com novidades. Ideia é não perder o engajamento conquistado na campanha
Fundamental na virada digital petista, Janones também segue mobilizado para "bombar" Lula nas redes
As estratégias usadas por Janones na campanha continuam
Mensagem em grupo do Telegram do Lulaverso
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Grupos do "Lulaverso" agora são usados para divulgar ações do futuro governo e chamar a militância para a posse

Reprodução/Telegram
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Também são usados para combater desinformação que segue sendo produzida pelos adversários

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Canal oficial de Lula também segue sendo alimentado com novidades. Ideia é não perder o engajamento conquistado na campanha

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Fundamental na virada digital petista, Janones também segue mobilizado para "bombar" Lula nas redes

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As estratégias usadas por Janones na campanha continuam

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Mensagem em grupo do Telegram do Lulaverso

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Mensagem em grupo do Telegram do Lulaverso

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Alguns grupos são fechados para mensagens dos administradores. Em outros, os militantes podem escrever também, o que torna a comunicação mais dinâmica

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Distribuição de figurinhas em grupo do Lulaverso

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Ainda não há decisão na comunicação sobre o que fazer com o Lulaverso quando o governo Lula começar de fato, mas a mudança na estratégia digital e a aposta em uma comunicação mais direta com as pessoas são uma realidade.

Prova disso é que o presidente eleito tem se adiantado e criado perfis nas redes que surgem:

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